segunda-feira, 5 de outubro de 2015




descubro-te entre as gotículas de espuma que o mar inventa para me dizer de mansinho que as tuas cartas não mais terão carimbos dos correios das cidades que visitas anónimo e despido de mundanismos patéticos que alimentam falsas aparências de virilidades amputadas pela idade que são apenas dois algarismos.

lembro-te em labaredas de sorrisos e teorias catedráticas sempre que me olhavas na plateia onde me misturava com outros ouvintes atentos de  espanto bebendo-te as palavras como que tem sede de viver, amando-te em segredo nesta paixão proibida e trágica, nesta memória que não esquece, no fim do mundo que foi a tua morte prematura numa partida sem aviso, neste (a)mar que me é sal, vale de lágrimas em silêncio, na música que és e (me) sabes a violetas sempre que me murmuravas promessas. 

deveria estar zangada por não cumprires a mais importante, a de não te ausentares sem regresso, a de não partires sem chegares a uma cidade qualquer, eu que ainda guardo os sobrescritos carimbados numa volta ao mundo donde não voltas. 




quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Revesti-me a pele,
o suor do nosso amor,
o calor arrepiante das minhas costas,
socorre-me a carência,
e esvaíra as minhas desilusões.

Agora, eu nem penso
a amargura desvaneceu
a minha fala são os meus gestos,
e só consigo tocar-te.
Só consigo querer tocar-te.

Afogo-me nos teus olhares,
Os meus dedos tremem,
O meu coração palpita…
Os meus lábios perdem-se no teu corpo,
A minhas mãos exploram toda a tua essência,
Desisto colada a ti,
Os nossos corpos juntam-se e somos dois

De tanto me perder em ti,
Fiquei esquecida de mim
E hoje sou algo ou alguém,
Mas hoje,  desejo-te.




quarta-feira, 24 de junho de 2015

#LoveLetter_AITD


Boa noite,

Venho por este meio dirigir-me à  AMOR (Associação Mortuária Originária de Rancor), com o objectivo de reclamar do serviço prestado pela mesma.

Como deve constar nos vossos registos, há cerca de um mês recorri à AMOR e comprei-vos o pacote “morte súbita”. Apesar de no início ter ficado satisfeita com os resultados, acontece que ao fim de uma semana, a paixão voltou e desde então não voltei a conseguir desfazer-me deste sentimento.
Como o “morte súbita” declara o óbito do cônjuge, neste momento passei de ódio pela pessoa, para um amor impossível, uma vez que a mesma se encontra sepultada no meu quintal (tal como indicava o “passo 6” nas instruções).

Desta forma, exijo ser reembolsada e indemnizada por defeito nos serviços que me foram prestados, sendo que toda a confiança que tinha na vossa Associação foi quebrada.

Aguardo contacto breve.

Sem outro assunto,

Piedade





sábado, 20 de junho de 2015

Desafio ‪#‎LoveLetter‬_AITD

estão convidados a escrever(-nos) uma mensagem de amor apaixonado, desgraçado, obsessivo, magoado, excitado, embaraçado, desengonçado, aprumado, frio, oportunista, violento, poético ou obsceno. use sempre o tag #LoveLetter_AITD

Como dizia o Nick Cave, Let Love in!

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quarta-feira, 17 de junho de 2015

domingo, 14 de junho de 2015

sexta-feira, 12 de junho de 2015

quinta-feira, 11 de junho de 2015

( Yūbi )

uma pluma flutua
morre no fio da navalha

sorriso mudo e só


( # san )




O azul da sua voz
preso na folha de papel

perfuma o ar




Fotografia: Kenneth Josephson













(# Chinmoku)





uma pérola perfeita
na negra clausura da concha

assim é teu amor


Impossibilidades

É onde a cabeça de uma sweet little sixteen cai, frequentemente. Rola, desespero abaixo e, pum, estilhaça-se no vazio. Foge, acelerada, do...