… A mão desliza pelo ombro nu. É a alma que acaricia, não a
pele branca de luz. Toca tão ao de leve que fico presa nesse gesto de uma cor
para a qual ainda não existe pantone.
Ver-te é voltar a ganhar vida e o louro dos cabelos curtos
recuperam o brilho antigo.
Imagino que me reconheces os passos, quase sempre apressados,
por vezes pesados pelo cansaço tingido de ausência. Raramente espero pelo
elevador, mais pela impaciência, que pela possibilidade do constrangimento de
ser obrigada a falar com alguém, quando me apetece silêncio. Silêncio que me
escorre pela memória se entranha no vento do ar condicionado e se rebela aos
gestos autómatos, na cadência do respirar.
Cheguei tarde porque queria ter sido a primeira, com a
arrogante certeza de que então seria única.
Sorris-me nesse verbo musical com que inventas metáforas
aluadas. Nos teus olhos um lampejo de surpresa que não consegues disfarçar,
quando me olhas depressa, como se não visses.
A tua mão no meu ombro desce até á minha mão abandonada no
espaço, onde o tempo é lugar - comum. A tua mão em busca de memórias.
E eu a desejar começar. Algo novo, inolvidável e sem
semelhanças.
Sem dizeres nada, vais demorando o olhar, agora intenso, em
vagas de marés de amores infinitos.
Pegas-me na mão e l-e-n-t-a-m-e-n-t-e ancoramos no desejo.
Invade-me uma brisa de aroma a vinho do Porto, não sei se de
livros antigos, se de cigarrilhas… se dos teus lábios.
leio-te as divagações,
ResponderEliminarem brisas de memórias feitas
e ancoro o desejo
na mão que desce o teu ombro nu
ler-te é começar uma viagem misteriosa pelas palavras com alma com que nos prendes, obrigado por mais esta doce maravilha