quinta-feira, 14 de agosto de 2014

E porque há dias em que parece que o mundo vai acabar




tempo? parte ínfima de reticências em que nada ouço. tudo se adivinha no pouco que dizes. recolho o teu olhar mais profundo por não se materializar nos ruídos das certezas. o silêncio nas palavras. o silêncio a escutar, no delírio da tua boca. palavras de sangue.

palavra de honra que continuo a beber pedras de gelo, a derretê-las devagar, língua encaracolada de beijos escondidos como a sombra que corre invisível escurecendo o momento…

espantas-te com o meu riso, sei que o teu tempo é de agenda, mesmo antes de mo fazeres sentir. sim, pensei em retomar o início do que nunca tinha começado. 

tento disfarçar a impaciência por te sentir apressado. imagino e anseio que tragas desejos nas pontas dos dedos com que faças correr o fecho do vestido justo. olho-te e sei a cor da saliva que te prende a fala.

por momentos as mãos tocam-se. movimentos excêntricos de descobertas e memórias. devaneios com que vou entretendo a solidão.

(tenho um vinil de uma banda punk que aposto, desconheces. não to vou oferecer agora, mesmo que mansamente  me sorvas a calma desabitada do meu ser. ou a fragância que se insinua, nua).

recebo um telefonema e despeço-me. a face corada de prazer. a saber o sabor. o lábio inferior mordido pelo tempo que me ofereces.




4 comentários:

  1. ler este texto é viajar pela essência do sentimento, cada palavra é um momento, que sendo teu, é nosso...
    é bom saber o sabor dos teus textos

    ResponderEliminar
  2. Este texto transmitiu-me uma enorme sensação de elegância na forma como algumas palavras e expressões pairam e suportam todo o peso das emoções, do tempo, da urgência que percorre o momento. Muito bom.

    ResponderEliminar

Impossibilidades

É onde a cabeça de uma sweet little sixteen cai, frequentemente. Rola, desespero abaixo e, pum, estilhaça-se no vazio. Foge, acelerada, do...