tempo? parte ínfima de
reticências em que nada ouço. tudo se adivinha no pouco que dizes. recolho o
teu olhar mais profundo por não se materializar nos ruídos das certezas. o
silêncio nas palavras. o silêncio a escutar, no delírio da tua boca. palavras
de sangue.
palavra de honra que
continuo a beber pedras de gelo, a derretê-las devagar, língua encaracolada de
beijos escondidos como a sombra que corre invisível escurecendo o momento…
espantas-te com o meu
riso, sei que o teu tempo é de agenda, mesmo antes de mo fazeres sentir. sim,
pensei em retomar o início do que nunca tinha começado.
tento disfarçar a
impaciência por te sentir apressado. imagino e anseio que tragas desejos nas
pontas dos dedos com que faças correr o fecho do vestido justo. olho-te e sei a
cor da saliva que te prende a fala.
por momentos as mãos
tocam-se. movimentos excêntricos de descobertas e memórias. devaneios com que
vou entretendo a solidão.
(tenho um vinil de uma
banda punk que aposto, desconheces. não to vou oferecer agora, mesmo que
mansamente me sorvas a calma desabitada do meu ser. ou a fragância que se
insinua, nua).
recebo um telefonema e
despeço-me. a face corada de prazer. a saber o sabor. o lábio inferior mordido
pelo tempo que me ofereces.
Excelente!!!!
ResponderEliminar:)
ler este texto é viajar pela essência do sentimento, cada palavra é um momento, que sendo teu, é nosso...
ResponderEliminaré bom saber o sabor dos teus textos
Este texto transmitiu-me uma enorme sensação de elegância na forma como algumas palavras e expressões pairam e suportam todo o peso das emoções, do tempo, da urgência que percorre o momento. Muito bom.
ResponderEliminarGrata a todos :-)
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