domingo, 15 de dezembro de 2013

B is for Bold [THE ALPHADEATH CODEX]




Mother knows best, so she keeps on saying, wailing at my near deaf ears,
Not much care, not even a stare caught me unaware shedding tiny tears.
Yet, days become weeks, months become years and now here I am, no longer unaware.
There I was about to be driven beyond mischievous play, fears turning to nightmare
Alas, motherly love indifferent, girl to become acquiescent, beware!

A fortnight to pass, sliding like a venomous snare entrapping me in a mirror hall.
Has my faith laid in a pool of atrocious convenience, forbidding any brazen gall?
To be outspoken, a porcelain doll broken, given to other like a mere hand token…

As mother knows best, day succeeded into a night to be past, to unknown taker,
Will the shadowman this gentle heart break for mere entertainment?
Will my soul stop containing the dismal shriek that my poor brain invades?
Or will he just lay my living corpse in the thorn bed of Hades…
Close your eyes little girl, let those lashes be thy shade!

And so the party, most entertaining to guests and flamboyant pretenders,
Rushed through the evening of my delivering to another,
To the greatest pleasure of the victorious regent mother.
No longer had I bothered with anything but her sage utterings,
My sufferings ignoring, while my thoughts kept exploring the face of a future husband,
Staring at me from the crowd gently swaying between the living room dull paintings.
Wanderlust I sway, but the moon held nothing in return as my heart jumped in craze,
He is coming to me, mother’s holding the gent’s hand, no more hiding in my mind’s maze. 

There I was, acquaintance to a stranger, his smile a vortex to my unsteady soul,
He muttered some kind word, mother understood, bowed and left, leaving me to death…
We engaged in a shy conversation, strolling the hall as we really spoke of nothing at all.
Nerve endings burned my outer skin as he mock smiled whilst he gazed my dreary eyes
As I felt the scavenger’s grip would drive me into deep in agony bellow,
A step led us outside to wander in the balcony, while contemplating the city lights, slow.

And his masters voice kept overflowing with deeds and conquerors achievements,
For my stare laid in the willow’s amber leaves, nine stores bellow the moonlit balcony row,
Losing their weight in the evening’s breeze, dancing delighted in a delightful show.
Languidly the avenue closedown, lit by the late evening’s embers glow.
I dared to ask my to be wed everlasting pair which colour he preferred,
And lifting his hand, pointing to my trembling face he caught me by surprise and said:
- “Red as your burning lips, white as your curvy hips that my heart leaves so mellow
And added, may I be so bold to perhaps recite Othelo?”

Startled by a devilish instinct I twitched in angst as his sinful eyes pierced me like an arrow
And as sinfully I replied to my knightly armed dull engager with the most doubtful grin:
-  “To marry you I’ll never will, I’d rather turn my eyes black and my red lips yellow”
As my arms outreached and pushed the incredulous fake prince off the balcony rim,
Nine stores he fell, as in slow motion I bid farewell to my unimpressive fellow…

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

A is for Aura [THE ALPHADEATH CODEX]


You know how I loved the first rays of morning,
Pushing their way through the damp cloth of the heavy drapes
A memory ablaze, a heart’s gaze lying now quietly on the windowsill, so still,
Recalling the tyranny of faith, the mind’s horrific villains slumber
That once held me to the ground, without a sound, bound to fail.

For you I will stay,
Forever adrift in a mindless river of tears, lethean heart, forgotten by lore.
To never lay hands on your soothing face again and once more,
Quenched by the eerie cold light I bow, fingers lingering on the hardwood floor
Holding to the promise of promising nothing evermore.

So I embrace the pale blue rays shimmering in the droplets of dew
Ripping the shades of dreams that I once knew.
The reflection of a pale white aura slowly encases the last shreds of hope,
As I drown in a never ending wake of sorrow
Within the memory of you, but no hope for tomorrow...

There in bed you lie, thy body warmth apart of my stone cold grave,
Where the bones and dust rest in a bleak forgotten shroud.
And here I stand beside you, flesh unbound, not making a sound,
Craving to take back every single kiss my lovers gave.
As with the first rays of the morning sun, I mourn myself
Forever alone.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Funeral




Todos os homens sabem quando estão prestes a morrer

Sim, juro-vos que sim, não tenho qualquer ilusão!

Pois, enquanto bebo este chá e vejo as horas passar, umas a outras suceder, sem pressa de saber quando ou como vai ser

Sei que vai de qualquer forma acontecer

Não precisa do meu sim, desdenha do meu não, foge entre os meus dedos, para além de qualquer possível rasgo de compreensão

O que dizer então? 


Se a vida não é mais que um episódio mal contado, incoerente e disparatado, emaranhado em palavras por dizer

Que esperas tu, que posso eu saber? Nada mais, nunca irás saber

O que acontece na mente de tão estranha gente, delírios, febres e sonhos enrolados, desejos decepados, anseios atormentados, quereres inacabados

Tristes fados, todos em tristes gavetas arrumados, por tristes realidades trocados

Queria eu saber como carregais então vossos fardos, não serão eles demasiado pesados?

E voga, vago, como um tépido vislumbre pardo, passo a passo, escondido entre um distante afago, na memória pesado, como poeta sem resguardo

Aguardo


Bebo mais um pouco de chá frio, como uma distante manhã de inverno

Terno, vazio, eterno

Impróprio, dizeis vós? Pois grito eu, de viva vós, impróprio por certo, mas por que decreto, lei ou regulamento, podeis determinar, mesmo que por um momento, a natureza do meu tormento?

Não será vossa lamúria, lento queixume, incúria, testemunho de vaidade?

Quem vos deu o dom da verdade, da régia clareza de decisão, para dizerdes se sim, se não, se vivo ou pereço… quem sois vós para saber o que eu mereço?

Ou deixo de merecer…


Que sabes tu, abutre dos meus dias, o que me irá acontecer

As horas assim devem ser saboreadas, em pequenas bicadas, catando migalhas de eras passadas, por águas turvas levadas, rio abaixo, poderosa corrente

Estarei assim tão diferente? Serei eu este eu que me mira jocoso? Olhar indigente, a mim próprio indiferente, uma réstia de gente que escorre meloso entre os ponteiros inquietos

Despertos, estes nunca cessam de caminhar, marcam passo, gritam alto sem parar

O teu tempo está a acabar


Pouco resta deste chá, deste dia, desta luz

Todos os homens sabem quando estão prestes a morrer

Será assim tão mau partir? Fugir, roubar o ritmo ao coração, fechar a cortina e zarpar? Mas afinal para onde poderia eu ir? Será como dormir?

Se da última gota do último sonho da última noite fizer veneno, enrolado num fio, ficarei pequeno, tão pequeno que me perca no vazio? Infinito

E então, e então… nada mais haverá para dizer, menos para compreender

Uns irão comentar, já se estava a ver e nem um minuto irão perder para a minha façanha entender, não foi feita para ninguém impressionar, só para entreter


E é isto. Foi isto. Um espectáculo que alguns chamam de viver

É isto viver? Passar pela vida a correr, tudo tocar, nada agarrar, tudo querer? Para nada poder levar, para onde quer que vamos, quando tudo desaparecer…

Afinal, viver é saber morrer


A hora é tardia, a noite fria e a alma, por fim, vazia, como esta chávena onde antes belladona fervia

Restará esperar por Atropos, minha guia, numa noite que jamais verá nascer novo dia…
 

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Postal de Hell-o-ween: Receita para final feliz




Ponha de véspera a necessidade de afecto a marinar em sumo de agonia
Tempere com lágrimas de saudade e pedrinhas de incerteza
Peneire bem um quilo de esperança, branqueada e artificial
Derreta numa sertã meia barra de amor-próprio e regue com um fio de ódio
Numa tigela de vidro, frio e fosco, junte um olhar cansado e um litro de suspiros
Noutro recipiente parta 6 desejos incontáveis e bata até fazer espuma acre e macilenta
Junte tudo num tacho engordurado de preguiça, humilhação e insatisfação indolente
Deixe ferver durante anos e anos e anos a fio, sempre no fio da navalha
Agite ocasionalmente para libertar o desespero e a dor insuportável
Tempere com luxúria insatisfeita e polvilhe com autogratificação q.b.
Deixe a assentar até o molho sanguíneo e pungente apodrecer
Acompanhe com salada de pânico e um shot na têmpora

Et voilá, feliz final feliz!

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Recado de Hell-o-ween 2

Formato "post-it no espelho do quarto"

Lâmia,  queridinha....

Passei por cá para garantir que tudo corria de feição com o pequeno e dar uma ajuda se fosse preciso.
Tomei a liberdade de levá-lo para casa do seu tio Hades. Não  esperes acordada.  Já sabes que quando aquele galhofeiro  começa a brincar com as visitas  é uma eternidade. Aproveita, tira os olhos das órbitas e descansa. Precisas de um sono de beleza. Ultimamente andas com um aspecto horrível,  monstruoso.

Já agora... Se o meu marido, por acaso,   passar por aí como de costume,  diz-lhe que traga meia dúzia de ovos, um ramo de salsa e beladonas frescas. O meu stock acabou hoje. Não consigo recusar nada às crianças e os teus filhotes, realmente, adoram frutos silvestres.

Ta-ta

Hera




terça-feira, 29 de outubro de 2013

Desafio: "Recado Hell-o-ween"

Formato "post-it na porta do quarto do filho mais novo"


Meu pequenino,
Desculpa mas tive de sair antes de acordares. 
Se acordares, tens o pequeno-almoço preparado em cima da mesa da cozinha. Se depois de comeres ainda tiveres pulso para isso, tens a tua camisola dos ursinhos engomada dentro do roupeiro. Mas não te esqueças de tomar banho (como o esquentador está avariado, deixei o secador dentro da banheira para aqueceres a água).
Se tiveres tempo, podias começar a amolar e a polir o faqueiro? O papá ontem queixou-se que a faca preferída dele estripa cada vez com mais dificuldade.
Enfim, se quando voltar ainda estiveres aí, corre para o meu abracinho, tenho muitas saudades de ouvir estalar... um beijinho meu em ti.

Da tua mamã do coração,

Lâmia

sábado, 21 de setembro de 2013

Sarabande







A relva sentiu o peso de um pé, tenta reagir com as plantas de ervas esmagadas pelo calcanhar, mas sucumbiu à quietude do pé, que parece que tinha chegado para ficar.
Do outro lado, mais à esquerda de quem segue em frente, uns queixumes semelhantes. Onde estariam os insectos que a roíam quando os grilos se espantavam e os gafanhotos se imobilizavam?

Dava jeito ter agora uma formiga, um colitídeo qualquer ou mesmo uma melga que picasse um dos pés (preferencialmente os dois).

Algumas folhas sufocavam e tentavam sair debaixo daqueles pesos inamovíveis, pés gigantes, humanos certamente.

Sufocavam e silenciosamente ansiavam para que os pés andassem, corressem preferencialmente, será que os humanos não sabiam que um dos maiores prazeres, era correrem descalços pela relva?



(Falando com os botões desapertados) porque os fechos magoam a 
imaginação mais surpreendente.

Impossibilidades

É onde a cabeça de uma sweet little sixteen cai, frequentemente. Rola, desespero abaixo e, pum, estilhaça-se no vazio. Foge, acelerada, do...