sexta-feira, 23 de março de 2012

estática formidilo



A passear pelas entrelinhas de um jornal

a formiguinha com borboletas na barriga

contorna a palavra embalsamado

e sente que algo está enredado.


Senhor seu marido o Crocodilo Camilo

invoca o seu estado e diz-se aprazível

mas a formiguinha só chora de desgosto

pois o seu amor em anúncio foi posto.


Encantada com a sua mandíbula

as núpcias fizeram-se apressadas

beijos trocados entre dentes e antenas

palavras mastigadas em contracções de fábula.


Agora todo o amor passa o dedo e sente escamas

pelo móvel pantanoso faz um trilho em passos seis

formiguinha alagada em lágrimas de crocodilo

escorrega pelo chão viúvo das damas-alfamas.


(Se o TeLhado estrelado pudesse ser um desejo afinado

formiguinha almejava que todo o sal se desfizesse numa folha de jornal

queria que as letras pequeninas fossem grãos de areia

para que as palavras anunciadas não soubessem a teia.)

4 comentários:

  1. Encantado, com o jogo das palavras e pela mensagem ;)

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  2. Que bela e trágica história de amor. Inspirada pelas musas mais generosas...como sempre.

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  3. ainda estou para saber como é que falas com esta bicharada psicadélica, que maravilha

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  4. Que núpcias tão curtas entre a formiga e o crocodilo... (como acontece tantas vezes na vida)...ao menos que tenham sido boas. muito bom, parabéns!

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