tempo? parte ínfima de
reticências em que nada ouço. tudo se adivinha no pouco que dizes. recolho o
teu olhar mais profundo por não se materializar nos ruídos das certezas. o
silêncio nas palavras. o silêncio a escutar, no delírio da tua boca. palavras
de sangue.
palavra de honra que
continuo a beber pedras de gelo, a derretê-las devagar, língua encaracolada de
beijos escondidos como a sombra que corre invisível escurecendo o momento…
espantas-te com o meu
riso, sei que o teu tempo é de agenda, mesmo antes de mo fazeres sentir. sim,
pensei em retomar o início do que nunca tinha começado.
tento disfarçar a
impaciência por te sentir apressado. imagino e anseio que tragas desejos nas
pontas dos dedos com que faças correr o fecho do vestido justo. olho-te e sei a
cor da saliva que te prende a fala.
por momentos as mãos
tocam-se. movimentos excêntricos de descobertas e memórias. devaneios com que
vou entretendo a solidão.
(tenho um vinil de uma
banda punk que aposto, desconheces. não to vou oferecer agora, mesmo que
mansamente me sorvas a calma desabitada do meu ser. ou a fragância que se
insinua, nua).
recebo um telefonema e
despeço-me. a face corada de prazer. a saber o sabor. o lábio inferior mordido
pelo tempo que me ofereces.