Depois de já ter engolido o meu lamento,
De repente quiseste-me outra vez a teu lado.
Chamaste-me como se eu fosse brisa e fui como se fosse
vento.
Novamente ter contigo, o sentimento agridoce.
Esperaste-me enquanto dormias. Eu acordei cedo e cheguei.
Fosse como fosse,
Do caminho entre o levantar e o aparecer à tua porta, nada viste enquanto dormiste.
Das dúvidas, pesadelos que tive durante a noite, nada soubeste.
Eu fui, como quem sai de sua casa ao encontro de um filho perdido na floresta.
Com o único intuito de salvar o nado-morto que nunca viveu,
Mas que é o único vestígio de nós dois que me resta.
Resgatar das cinzas do meu desespero uma certeza qualquer.
Como um cão que escava no chão em busca de um osso
Entreguei o que era teu e fiz do que era meu, nosso.
Agora que já sabes os meus segredos, e a parte que para ti não presta
Já descongelaste um bocadinho os teus medos?
Por ti caí. Mas mesmo cega lá consegui levantar-me.
E, ainda que nunca consigas amar-me
Sei que já tive o melhor de ti,
Altiva seguirei o meu caminho
Talvez, segura, feliz e acompanhada
E o teu como será? Como escolheste, indeciso e sozinho?
Deixa estar...não ficarei amarguada.
Quando me chamares outra vez, o vento já me levou e de ti não restará nada.
MM’ 22 Fev 2011
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