sábado, 4 de fevereiro de 2012

VULCÃO

Entrei, seguiste-me, sentámo-nos, tocaste-me numa perna, entrelacei a minha mão na tua.

Fumaste um cigarro, sentámo-nos perto, aqueci as nossas mãos entrelaçadas.

Nada estava previsto e tudo foi previsível. Excepto termos entrelaçado as nossas mãos.

Deitámo-nos com elas dadas, encostámo-nos, beijámo-nos, amámo-nos, dormiste, acordaste, repetimos.

Prendeste a minha mão na tua, abracei-te, beijei-te, balancei-te como a uma criança,

Agarraste-me com garras feéricas, entraste na minha cabeça, inundaste-me de esperança.

Abracei o teu estertor,amparei-te das alturas em que caíste tantas vezes no limbo do sono.

Aqueceste-me, abraçaste-me, embalaste-me em espertina contra os pesadelos do profundo.

Não dormi, ouvi-te respirar, gemer uma dor que vinha do fundo, acordaste, prazer, dormiste, acordaste e estávamos abraçados

Não dormi nem acordei, esperei e abracei-te.

Onde está a tua mão em mim pousada, no meu dentro? O teu beijo desajeitado, desesperado em carência tão grandiosamente incomensurável?

Acaso caíste e eu não te amparei? Abracei-te demais, de menos, fui outra que não quem sonhaste?

Que tens frio por dentro. E eu. Por fora congelo.

Em mim acordaste um rio de lava que agora escorre mansa e densamente em tua direcção

E te consumirá até que o gelo em ti petrifique.



MM’ 4 Fev. 2012

3 comentários:

  1. Imagens fortes, que todos nós já vivenciámos, mas que não conseguimos transcrevê-las com essa intensidade. Comtinua a deslumbrar-nos!

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