#LoveLetter_AITD
descubro-te entre as gotículas de espuma que o mar inventa para me dizer de mansinho que as tuas cartas não mais terão carimbos dos correios das cidades que visitas anónimo e despido de mundanismos patéticos que alimentam falsas aparências de virilidades amputadas pela idade que são apenas dois algarismos.
lembro-te em labaredas de sorrisos e teorias catedráticas sempre que me olhavas na plateia onde me misturava com outros ouvintes atentos de espanto bebendo-te as palavras como que tem sede de viver, amando-te em segredo nesta paixão proibida e trágica, nesta memória que não esquece, no fim do mundo que foi a tua morte prematura numa partida sem aviso, neste (a)mar que me é sal, vale de lágrimas em silêncio, na música que és e (me) sabes a violetas sempre que me murmuravas promessas.
deveria estar zangada por não cumprires a mais importante, a de não te ausentares sem regresso, a de não partires sem chegares a uma cidade qualquer, eu que ainda guardo os sobrescritos carimbados numa volta ao mundo donde não voltas.
deveria estar zangada por não cumprires a mais importante, a de não te ausentares sem regresso, a de não partires sem chegares a uma cidade qualquer, eu que ainda guardo os sobrescritos carimbados numa volta ao mundo donde não voltas.