quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Requiem

Regressa a casa . A fadiga é insuportável. Redes sem elasticidade nas pernas cansadas. Senta-se ao piano e solta a voz. Num grito de desespero.

É o piano desafinado, numa melodia incontrolável.

Sabor a morango, do qual só aprecia o aroma. Cerejas no vermelho dos lábios a disfarçarem o amargo dos medicamentos. As nêsperas são mais doces quando descascadas por mãos alheias. Inverte-se o olhar numa caminhada singela. Hábito de dor. Levanta-se, abre a janela e debruça-se no parapeito numa espera de Verão. Mesmo sabendo que a Primavera não aconteceu. O calor sufoca as nuvens dos olhares embaciados.

Mergulha no sonho e com o coração a palpitar atravessa indiferente a tarde desarrumada no peito.
Numa espera de quem não sabe aguardar.



29 de Maio de 2009

3 comentários:

  1. Real, doce, desesperado, intenso, musical... música para uma própria vida, terá sido a última? Ou amanhã existirá mais uma "tarde desarrumada"?

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