quinta-feira, 10 de novembro de 2011

This Woman


Respiro-TE em ausências de momentos em que a luz difusa me penetra como se a tua mão na minha fosse ainda o caminho. Lascivos os olhares com que nos bebíamos (S)em pressas que transbordavam de silêncios contidos. Procuras-ME em noites de Lua Cheia, quando me transformo em loba e te devoro em reticências. Sabes a pedras salgadas, a fumo de sobro e a flores silvestres, com que me debruas os seios de auréolas rosas em bicos de espinhos. Soltas perfumes de cristais no mercurio com que iluminas as manhãs que transportamos ao colo, sem que ninguém saiba, em segredo, ao mesmo tempo que me telefonas para dizeres: amo-te.

Finjo que te esqueço, quando o café arrefece o açucar e o chá de menta sabe a deserto na alma que tocas cada vez que me entoas canções e me esperas na esquina onde mais ninguém passa, para não saberem deste amor proibido, celebrado um dia por semana, todos os anos, mesmo hoje, quando o cabelo (a)dourado se desprende dos teus dedos e a barba embranquece as tardes de pecado que não fomos. Fazes amor comigo, como se fosse a ultima vez. E para mim, é sempre a primeira, nas descobertas de centímetro a centímetro de ti, de mim.

Eternizo-TE nos cãnticos que jamais escutarei. Fecho os olhos, as pernas, os braços. Fecho-ME contigo dentro de mim e saio em busca de nós, no passado que já não lembro.

2 comentários:

  1. "Fecho-ME contigo dentro de mim e saio em busca de nós, no passado que já não lembro." Haveria melhor forma de terminar um texto tão belo. Não, de forma nenhuma.
    Passeamos por cada uma das palavras que aqui deixas, como se de um Jardim do Éden se tratasse.

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  2. eternizo-te .....respiro-te .....
    fecho-me contigo dentro de mim ...

    m. bom !
    bj
    Teresa

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