A menina do sono confuso
Deveria picar o dedo num fuso
E da ponta do dedo nasceria um tracejado
Feito com caneta de feltro e mal-amado
Iria de traço em traço até ao umbigo
Iria de traça em traça até ao jazigo
Dormiria em grãos de café
Para ter sonhos de dar ao pé
Ou alinhavaria insónias aos lençóis
E teria noites rápidas como os caracóis
Ao amanhecer beberia chá de tília
Para agradar às tias da família
Vestiria saias de princesa
Com corpetes de turquesa
E sapatinhos com fivelas
Para dar à sola nas ruelas
Prenderia os cabelos dentro do chapéu
Num belo sudário para o céu
Por fim ao fim de muitas estimativas
As más-línguas fazem doer as gengivas
A menina de dedo picado
Passa o traço pelo olho vidrado
Agarra com a mão na cavadeira
Só irá parar no branco-caveira
um caso sério de excesso de imaginação e de diabo-à-solta
ResponderEliminarluv it
A menina do sono confuso
ResponderEliminarTem estas visões de surrealismo iluminado
Serão o ciclo circadiano avariado
e as insónias que lhe afinam o talento?
E a quem lê as histórias
picotadas no teclado
pelo seu dedo tracejado
Só lhe ocorre dizer 'obrigada por este bocado'. :)
É lindo, não é? Mas é meu. A menina que alinhava insónias ao lençóis com caneta disse que este é para mim (língua de fora). E não, não divido com ninguém.....
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