terça-feira, 30 de março de 2010

Sono Profundo.





Sem caminho de volta. É a ultima estação neste país onde és intruso. Não inimigo, não adversário, não desagradável. Apenas intruso, forasteiro, falante de outro idioma. O ruído da locomotiva embala-o num sono profundo do qual não consegue despertar. Despertar é maçada. Talvez lá mais para a frente quando o céu flamejante que espreita no limiar do horizonte impuser uma cor tórrida, insuportável, e o obrigue a erguer-se e a ler a enorme placa anunciando o Finisterra.
Mas por agora, dorme, desmaia, hiberna, prossegue um quase-coma físico e espiritual enquanto num pestanejar tudo vai decorrendo, desvanecendo, amarelecendo, desaparecendo.
Morde o lábio, e sente o sangue que vai apodrecendo nas veias. Por esta unção...

(repescado de O Passageiro da Chuva)

domingo, 28 de março de 2010

Sonhei Verde




Ela acordou e, com o braço mole, passou a palma da mão aberta pelo peito dele com os olhos ainda fechados sorridente ,e disse qualquer coisa...

Sonhei verde

Ele não pergunta o que ela faz o dia inteiro certo - as lições de inglês,certo... não sabia das horas dela,sentia que ela fugia. ( estas doida )?

Sim, verde.

As árvores grandes a volta da casa,o campo cheio de relva que o meu pai corta ao fim de semana,o terraço caiado de branco a sua mesa de madeira comprida e a sua toalha de algodão verde onde se almoça ao domingo,e o lago com os seus nenúfares...

Sim sonhei verde

Ele sentiu uma coisa indesejada uma coisa que não era desejada.
Pensou...ela vai voltar para la para os seus.
Ela tinha estado a sorrir para si mesma,apenas meio acorda,com a ideia de ter sonhado erradamente em verde, uma linha cruzada do velho armazém subconsciente de paisagens,quando na verdade tinha adormecido transportando-se para o brilho imenso do verde onde entrara naquela tarde para alem do tempo e do crescimento.

Numa manhã ,ele também acordou de um sonho.Não conseguiu recordar-se do que fora, atrás de olhos fechados,também ele estendeu uma mão. Estava o espaço frio e vazio. De repente aquele era o sonho,tinha acontecido,ela tinha-se ido embora.


Gostava de ti miúda verde.

Vida não eussocial



Era uma vez, um contador de histórias cujo historial era composto por histórias historicamente historiada por um historiador.

O historiador, de nome Conto, vivia na terceira casa a contar do Largo das Contagens e conta a lenda que o largo foi contabilizado em mil contos de réis porque ao contarem as contas do colar da mulher do contador de histórias, foram contadas mil. O contador de histórias foi quem inaugurou o largo e este viria a ser o ponto de encontro de toda a população. Um largo largamente amplo, com margens largas, árvores de tronco larguinho, não muito porque ainda eram novas e digo isto com uma larga margem de certeza, porque as vejo todos os dias quando vou para lá alargar os meus horizontes através da leitura alargada.

O Conto não sabia escrever, por isso usava a memória como folha e o pensamento como caneta. Depois as histórias eram passadas ao contador de histórias e este publicava-as em livros. O último livro chamava-se “o laço” e o seu lançamento, tal como de todos os outros era sempre realizado no largo. Nesse dia, era ver as pessoas a jogarem-se de forma jogada, com unhas e dentes a fazerem jogos e a serem jogadoras, umas contra as outras para conseguirem ganhar o jogo do lançamento d` “o laço” lançado.

Quem sofria um sofredor sofrimento, era a mulher do contador de histórias que tinha uma paixão apaixonadamente apaixonada pelo historiador e pelas suas histórias. Era uma injustiça que o seu marido, vazio de pensamentos, de sentimentos e de palavras fosse visto como o autor de tão belas histórias. Por outro lado, nunca tinha visto o historiador, mas tinha a certeza que tal existência existencial tinha de existir. Nunca ninguém o tinha visto fora da sua suposta casa, a terceira a contar do largo. Ninguém, à excepção do contador de histórias.

A casa tinha uma única divisão, uma única porta, uma única janela e um único ser lá dentro, o Conto. A troca processava-se da seguinte forma, o historiador entregava as suas histórias em código morse através de silenciosos toques no vidro da janela, como forma de pagamento, o contador de histórias entregava, sem nunca entrar em casa, pequenos torrões de açúcar ao historiador.

Sempre assim foi e sempre assim seria se a paixão da mulher do contador de histórias pelo historiador não fosse alterar esta rotina para sempre.
Certa noite, percorreu de forma percorrida o percurso que se tinha de percorrer desde a sua casa até à casa do Conto, forçou forçosamente e com toda a sua força a abertura da porta e não viu nada. Um grande vazio. Com um grande desgosto de amor, voltou para casa. Afinal, quem escreve as histórias? Ao mesmo tempo que fazia esta pergunta, apareceu um sorriso a sorrir muito sorridente na sua cara. O seu marido… afinal era ele próprio que escrevia e que bem!
Ao mesmo tempo que fazia esta pergunta, o seu marido não podia sequer sonhar que neste momento jazia esmagada no chão, o Conto, formiga solitária e solidária.

Naquela noite por culpa de uma curiosidade curiosamente curiosa morreu um historiador, uma história, um amor…

Naquela noite por culpa de um segredo secretamente segredado ao vidro de uma janela morreu um contador de histórias, um largo, um laço…

São as pequenas coisas que nos conseguem agitar mais fortemente, aquelas que por estarmos centrados em nós próprios são esmagadas inconscientemente e com isso provocamos danos irreparáveis.

sábado, 27 de março de 2010

O Transeunte




O ar pesado infiltrava-se entre as preces devotas que zumbiam baixinho. Era chegada a hora…

É o momento final, dentro em breve, tudo estará envolto na bênção da paz, ele irá partir e resta-nos a nós, que atracados à costa como barcos sem vela, vê-lo-emos vogar pelo mar alto. Juntem-se agora irmãos e irmãs, acompanhemos este nosso irmão na hora da despedida.

À sua volta, um véu de angústia, de apreensão. Tinha sido uma longa jornada até chegarmos aqui, à beira do desconhecido, prestes a trespassar a arcada velada que guarda o portal sagrado. Para lá dela, o Outro Mundo….

Nós, que ficamos para trás. Nós, os néscios e pueris. Nós, que amamos sem saber, sabemos que haverá menos um de nós, entre nós. Mas para lá destes nós que nos enlaçam premente, entre estes atilhos que amarram nossas almas umas às outras, do entrelaçar de vozes que sobem ao ouvido do Criador, Te rogamos. Leva o nosso irmão pela mão, Senhor. Firme, paternal, jovial. Segredai-lhe que nada há a temer, para além da espiral de Luz que de Vós ilumina, eu nada temo. Não o deixeis correr atreito a perigos, fascínios e desejos. Rogai por esta alma que transita Senhor, ele é um dos nossos, parte de Vós.

Os mais novos oferecem-lhe penas. Os anciães, de mansinho, pousam um a um a mão sobre a sua testa, esboçam um frágil sorriso de confiança por entre os olhos marejados de saudade. Mas a tristeza não rasga a fé que os une, o lamento é pela separação, não pela partida. A dor é de tanto amar um dos seus, o amor é por tanto e tudo o que dói quando chegado o momento. O momento é de despedida, um ‘até breve’ sonhado reencontro desejado. Um aceno ao passageiro que atravessa o rio. Um rio que nos aparta mas nunca nos separa, em suas águas a proximidade do eterno, teias de suspiros cobrem a face do transeunte. Um véu assenta sobre sua existência.

Cessa. Apaga-se a minúscula chama. O portal foi transposto. Rumo ao Outro Mundo.

Em aquiescência, vergados sobre si mesmo, a família e companheiros prestam uma última homenagem antes do início do novo ciclo da Alma Eterna. Rumo ao seu destino, envolto na voz sublime de seus pares, o Ser desvela os segredos da Criação.

Em silêncio e no divino privilégio que só é permitido aos favoritos de Deus, observam e registam o paradeiro do seu irmão escolhido.

No fim dessa mesma madrugada, nascia feliz e saudável a criança. Com o primeiro choro sossegou seus pais e alegrou seus pares.

Os anjos cantavam aleluia. Estava cumprido o desígnio Maior. Um dos seus mais amados irmãos voltava à Terra. O Escolhido de Eloim tinha partido de sua casa e transposto o Portal.

No mundo dos Homens surgia uma luz por entre a escuridão dos dias tenebrosos que se viviam. Era o nascimento do novo Profeta.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Felizes juntos


(Die Form - Inhuman)



Ela é como ácido, corrói-me por dentro. Revira-me as entranhas com garras de ferro e vidro. É implacável comigo, odeia-me, despreza-me, esmaga-me com violência contra a parede. E faz amor comigo.


Eu sou um mero espectador, vejo-me a mim mesmo, só e abandonado à minha sorte. Vejo. Observo. Gesticulo no ar com arpégios suaves, como se o seu corpo fosse um piano inalcançável, que eu quero tocar. Tocar. Mas não me é permitido. Não até ela dizer que sim. E fazer amor comigo.


Ela é doce, cândida, amável, paciente e delicada. Obediente. Ciente do que a espera. Ciente da besta que há em mim. Fomenta a besta que há em mim. Alimenta-a. Adorna-a com os pedaços rasgados de roupa que ainda a cobrem. Despe-se. Oferece-se. Submete-se. E faz amor comigo.


Eu sou cruel. Não amo, só desejo. Não temo o que ela tem para oferecer. Finjo ser cruel, mas sou um cobarde, vivo no terror dela. Vivo na agonia que ela me deixe. Nos deixe. Nos abandone. E não façamos mais amor. Juntos.


Ela. Ela. O espelho e o seu reflexo. A Diva e a Serva. A Cerva e a floresta que a rodeia, as árvores onde me escondo, com medo e desejo. A ninfa do lago onde me banho, na água que fica conspurcada pela minha insensatez. A mulher perfeita. A mulher delirante. Eu olho. Toco. E fazemos amor.


Eu sou louco, inquieto, ansioso e metódico. Meço as horas que me faltam até chegar a casa. Meço as palavras para que não me oiçam. Meço a distância dos meus passos, para saber onde estão os outros, aqueles que nos invejam, aqueles que nos desejam mas que dizem nos odiar. Que somos uma vergonha, um nojo, uma desgraça. Que não vivemos numa casa, mas sim num antro demoníaco, num covil de sevícia. De delícia. Dizemos nós. Olhamos para eles. Desprezamo-los. Enquanto fazemos amor.


O princípio da feminilidade, da verdade absoluta, da divindade manifestada, da imaterialidade do ser, do perfume inebriante, da maldade dos teus olhos, da vontade do teu corpo, da beleza do teu rosto, do brilho dos teus olhos, da marca dos teus dentes na minha pele, da marca dos meus dedos nas tuas costas, do aroma do teu cabelo, do sabor da tua boca, do frenesi que fazemos, quando fazemos amor.


Eu sou um pedinte, um poeta falido, um cão desobediente, um homem de extremos.
Ela é vedeta, estrela de cinema, primadonna, dona, imperatriz, meretriz, actriz, cicatriz.

Ela é mel que escorre, palavra que morre, água em que me afogo, fôlego em que sufoco.

Assim somos.
Felizes juntos.

Os três.


(repescado do extinto grupo 'Desafio 500')

terça-feira, 23 de março de 2010

O silvo


Bruto impulso o que lhe bate.
Ergue-se e decide o dia.
Será hoje.

A noite havia sido de plumas. Os sonhos rendidos ao cansaço deixaram-se sonhar, em leve peso, e definiram passos por dar. A noite conselheira impôs-se e conquistaram-se as certezas. Trazidas na aurora, as decisões abriram o armário, vestiram o casaco e sairam, não sem antes se fortalecerem num pequeno-almoço.Os favos de mel no leite adoçaram a voz e pôde, então, calar a rispidez deturpadora da razão.

Há feridas que não se podem lamber.
A carne viva não sara.
Será hoje.

Saiu num disparo decidido. O Manta 1600 interrompeu o silvo da pressa que trazia e cumpriu a missão, mostrando o destino. Não era esperado, tampouco desejado. Os olhos encontraram-se na cruz do fogo e disseram a verdade. Sentiu-se de novo o silvo, mas já não era o seu. Não era fruto da pressa. A louca decisão dos sonhos de pluma em noite conselheira.

Foi hoje.

Destino



Ela estava parada, olhando para a estrada que se abria à sua frente.
O nascer do sol estava a despontar por detrás do monte.
Aquela manhã que estava raiando parecia uma pintura. E que bela pintura! Uma cena completa com cores, sons, cheiros... Cores diversas, que se entrelaçavam sons de vozes, crianças gritando, algazarra, conversas, alegria... Cheiro de café fresquinho, e também o perfume do jasmim que vinha do jardim... Ela respirou fundo, inspirou aquele que era um instante mágico. Se fosse possível congelar aquele momento, ela poderia ser feliz para sempre, dentro daquela paisagem. De repente, ela acorda de seu devaneio, percebe que esteve a sonhar acordada, esboça um sorriso, ouve o som de buzinas, percebe que o sinal está aberto e segue em frente.
Porém, a cena pode ser diferente... Ela estava parada, olhando a pilha de trabalho que a esperava. Seu chefe cobrando prazos, aquele cliente chato acabara de chegar, e ela ainda tinha que sair para levar sua mãe ao médico hoje... Ela repassa cada momento ruim que provavelmente vai acontecer no seu dia.
Depressa, depressa! Não vai dar tempo, estas atrasada, estão a tua espera e ainda mais o trânsito, a chuva... Que horror tudo isso! E ela pensa: é assim que vivemos. É assim que muitas pessoas vivem!
A chuva cai lá fora e parece envolver a cidade numa dormência total, como se as pessoas, as árvores, as casas tudo estivesse húmido e envolvido numa sonolência que traz consigo, não a serenidade da alma, mas o desassossego geral.
Os dias parecem arrastar-se penosamente.e a palavra destino...soa-lhe forte, bate.
Destino.. é uma palavra. Tudo é destino. Pelo caminho da direita ou da esquerda, a escolha que fizermos será o destino. Não há que falhar. É uma ideia confortável e fácil.
Acreditar no destino é uma fraqueza humana. Das mais primárias e arcaicas. O nosso percurso resulta do nosso destino. Com certeza, porque não? Mas se é "nosso" então podemos "ajudá-lo"...mete a mudança e arranca com toda a certeza a vida não olha para trás.

Uma semana é tempo mais que suficiente para saber decidir se aceita ou não o seu destino...sai dali com a a ideia que não vai esperar mais pelos ventos que varrem as folhas do chão.

segunda-feira, 22 de março de 2010

O Sonho



Nas minhas longas noites de não fechar de olhos
o meu corpo forma linhas paralelas com o céu e a terra e
o dióxido de carbono que sai de mim é sempre perpendicular aos dois
Nas minhas curtas noites de fechar de olhos
giro em torno de mim mesma, num eixo imaginário e
marco os lençóis que ajudam a não sentir os pregos da minha cama
O meu não fechar de olhos é apático
faço promessas a mim mesma, dou ânimo ao meu corpo dorido
sempre com a eterna esperança que uma noite venha
montada no seu cavalo branco e mate esta vigília
Nas minhas infernais noites de pálpebras invisíveis
tenho os olhos secos num olhar fixo ao céu
imagino lágrimas que não existem
imagino soro que não tenho e
desespero por Hipnos
Nas minhas negras noites de não suspensão
grito em silêncio a ti
procuro-te no meu olhar
procuro-te no céu e na terra e
procuro um rasto teu nos meus lençóis…
Nas minhas tenebrosas horas
em que o meu corpo está na parte escura do planeta
a razão diz-me que não sabe onde estás
mas o coração diz-me que se escutar o seu bombear
tu virás olhar-me nos olhos
chorar para dentro deles
pregá-los com os pregos da minha cama
dar-me a mão e
paralelo a mim, assistir a todas as fases do meu doce sono quimérico.

sábado, 20 de março de 2010

Dormência


(Anathema - Sentient)

Não posso negar.
Cada vez que oiço a água a correr por entre as pedras, penso em ti
Sempre que os olhos me doem de ver tanta luz, penso em ti
Quando sinto o inverno a chegar à minha janela, penso em ti
E se procurar o pedaço que falta na minha alma, procuro-te a ti…

Por mais que eu tente, por entre nuvens de horas e pó dos anos
Por muito que tente recordar o peso que as palavras tinham em minha boca
Por tanto que passei só para poder esperar eternamente, paciente
Por tudo o que faria só pelo prazer de beijar a tua boca
Por tudo o que há em ti, que eu sinto que falta em mim

Eu caminhei mil vezes em torno de mim mesmo
Procurava a resposta para as questões que nunca te coloquei
Percebi então que perante o universo finito só teria uma solução
Fugir de ti
Negar-te a ti
Perder-me a mim
Dormir… por fim

E enquanto sentia o frio do destino final
Deixei-me ficar aqui, a ver as nuvens de horas a passar, o pó dos anos a assentar
A tristeza, o pesar, a dor, nunca me deixou voar para longe
Longe de mim
Para perto de ti

E assim ficarei,
Para sempre a contemplar o reflexo vazio que refulge por entre as teias do espelho
Para sempre a murmurar a cantilena que me embala neste pranto baixinho
Uma sombra de mim próprio esconde-se na noite selvagem
E à medida que os sentimentos crescem no meu âmago
Saberei de ti
Sentirei por ti
Negar-me-ei de ti
E saberei
Que morrerei aqui
Completamente só
Sem sombra de ti

Para sempre nesta dormência que nos embala
Tu, guardada na minha memória
E eu partirei por fim
Sem que no mundo haja memória de mim

quarta-feira, 17 de março de 2010

Loucura ou Sabedoria...




É, a Velha Sábia me tomou pela mão há muitos anos e me conduziu por todas essas estradas vicinais... De vez em quando, engraçado, quando estou devorada de perplexidade, penso nela. E marcamos um encontro à sombra de uma árvore. Ela sempre está lá, envolvida num xale, cabelos longos presos num coque folgado. Sorriso de quem, embora já tenha visto tudo, ainda é capaz de maravilhar-se. E o melhor colo do mundo...
E diz-me na sua voz suave...

-O que é entendível para alguns é absurdo para outros.
-O que é correcto para mim, é detestável para ti.
-O que é convenção para alguns, é ridículo e inapropriado para outros.
-O que é novo para um, pode ser inaceitável para o outro.
E assim seguimos vivendo. Mas, qual é o ponto correcto em tudo isso?
Simplesmente, aquele que nos satisfaz.

Na vida não há certo ou errado. Há o que nos preenche e nos satisfaz.

Há uma frase célebre que diz:
Quando encontro a resposta, o Universo muda a pergunta!

Ou seja, estamos em constante evolução e precisamos de lucidez para entender o que acontece à nossa volta, sem nos preocuparmos em controlar a vida dos outros via julgamentos e rotulagens de acordo com nossas verdades.

A vida é Causa e Efeito. Isso sim é verdadeiro. Tão verdadeiro como a dor, mas supérfluo como o sofrimento. A dor é inevitável, porém, manter o sofrimento é sempre opção nossa. Aprendemos com a dor. Com o sofrimento estragamos a saúde.

Só e tudo isso.Não existe o ruim, falta o bom. Não existe a vaidade, falta humildade. Não existe a raiva, falta o amor.
Por pensar assim podemos ser apelidados de insanos, loucos mesmo...
Portanto, sempre que alguém está sendo julgado como louco, pode estar apenas vendo mais longe do que os padrões convencionais que aplicamos em nossa vida, Como as pessoas estão ávidas de conhecimento? E vocês perceberam como aumentaram os loucos?
Que tal sermos um deles? As oportunidades estão ao nosso redor. É só agir... Assim, acabamos conhecendo o caminho que nos leva ao saber de ser sábio.

E isto tudo por causa de um post da Cristina Correia:)))

Hora das Estrelas



A hora de dormir para ela era especial, não porque tivesse sono ou já não quisesse mais brincar, mas simplesmente porque era a hora de ver as estrelas. Saltava para a cama e pousava nela como se fosse uma pena, depois, de bruços colocava a cara na almofada de forma a fazer pressão nos olhos. Assim começava a “hora das estrelas”, aquelas que se vêem dentro dos olhos quando estes estão fechados por fora mas abertos por dentro.

Não era muito confortável aquela pressão nos olhos, mas para ela compensava. Estrelas mágicas de várias cores que se movem, que giram, umas mais depressa do que outras, que aparecem e desaparecem, que tilintam ou mantêm o brilho estático… E o melhor é que isto tudo acontecia dentro dela própria.

Respira… respira… respira… os pulmões imploravam para respirar, mas ela ia sempre até ao limite tal era o encanto. Inspira! Expira! Inspira! Sorriso e novo mergulho. Aquelas estrelas nunca se esgotavam, pareciam mesmo que se multiplicavam por cada nova tentativa de vê-las. Eram mesmo muitas, e cada vez mais encantadoras. A menina pensava “quantas pessoas estarão também a ver estas estrelas neste preciso momento?” Para ela era impensável que mais ninguém fizesse isto todas as noites, aliás, o mundo ia ser muito estranho se tal não acontecesse.

Mas o mundo é mesmo muito estranho. Hoje, a menina já não faz isso antes de dormir, mas sim de cada vez que quer fazer uma “pausa”. Não chamo a isto fugir, mas sim olhar para dentro e ver como simples estrelas nos podem ensinar a ver o mundo. Por vezes, precisamos fechar os olhos completamente para voltar a conseguir abri-los com o mesmo brilho que tínhamos no olhar quando éramos da idade da menina.

Sabe que horas são?

Impossibilidades

É onde a cabeça de uma sweet little sixteen cai, frequentemente. Rola, desespero abaixo e, pum, estilhaça-se no vazio. Foge, acelerada, do...