VII.
domingo, 30 de outubro de 2011
Vitima
VII.
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
Lição de Filosofia
Queria, querida menina, um universo de coisas reluzentes e macias sempre que o vento te levanta a saia plissada de colégio católico e me fixo no grande-plano da tua boca rosada e pequenina a soprar em câmara lenta a palavra redonda, toda ela manha e melaço: poooooorco-co.
Por isso, sorrio e levo a mão ao chapéu, um cavalheiro que ambicionas senil e castrado, e sinceramente te digo que gosto de te ver soprá-la – de repente, sou outra vez homem, dono de todos os músculos e vascularizações do meu corpo a mirrar.
Sabes que te farão mal, esses rapazes de pele e peito lisos, os olhos oblíquos de cobiçar as mesmas suaves arquitecturas da tua carne a que levanto altares com os meus? Dúvidas, por acaso, que vão forçar desajeitadamente a entrada em ti, inábeis máquinas poluidoras, belos e cruéis semi-deuses acéfalos, só para te deixarem cada vez mais vazia e apática ao longo dos anos? Que, depois, vão querer fazer-te filhos que te retalharão por dentro e por fora, tudo em nome da corrida desenfreada para propagarem os seus genes proletários de unhas sujas?
Claro que não... Até desejas que o façam. E com toda a justiça, reconheço. Os imparáveis mandamentos da Biologia não perdoam. Eu já fui um deles, de resto, e não foi assim tão interessante quanto se possa pensar à partida.
Hoje, todos esperam que me baste a resignação zen de dar pão aos patos, milho aos pombos e vazas à sueca com os outros reformados do Jardim da Estrela. E que me ocupem as consultas no médico da Caixa, horas intermináveis sentado nesses matadouros municipais, com outros da minha geração a quem a demência começa lentamente a escavar canais no cérebro como uma maçã bichada, a discutir as novelas e os programas da tarde e os filhos que graças a Deus estão muito bem na vida mas que nunca aparecem para os visitar, preocupado com a próstata e a tensão, à espera de uma morte piedosa durante o sono? Sim, resvalo lentamente para o AVC mas só a partir das seis das tarde, sentado no banco em frente do liceu, e apenas à passagem do sonho de morfina nas tuas coxas e do teu peito arrogante e rijo.
(Se pudesse, contava-te como ele é a minha zona de conforto anestesiada, que é a ele que imagino, branco e macio, com a sua coroa tenra e rosada ao centro, sempre que estou no gabinete médico para mais uma colonoscopia).
Dantes sonhava que também eu era uma jovem e inábil máquina de retalhar carne, para te tomar como queres. Mas, sinceramente, agora retiro mais prazer da fantasia sádica de te profanar como sou, todo sulcos e bocados pendentes, rugas e asperezas e o princípio de um perfume fétido de quase-morte. Pedir-te-ia então, minha querida, que o tomasses como uma lição de filosofia sobre como tudo é breve e caduco, uma putrefacção adiada, até a matéria desses teus 15 anos pagãos e que, por isso, deves aceitar como uma bênção cada mutilação do teu corpo e espírito, porque só quer dizer que estás viva. E talvez pudesse falar-te de como o teu sexo é o único antídoto para esta sensação de projecto de cadáver que trago dentro mas...
... mas, que lá por ser velho, não tenho qualquer obrigação moral de me sentir assexuado como uma amiba sempre que, às seis da tarde, os meus olhos embalam na cadência do balanço do teu cú perfeito.
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
Bons fígados
Da mesma forma que cedo mais e mais a cada volta de sessenta passos nada tem a ver com os dias em que acordava cedo para parecer senhora de mim mesma.
Por outro lado, sinto as minhas vontades distorcidas tem tudo a ver com o cinto que me prende a uma cadeira e quando digo cerrar os olhos tem tudo a ver com o desejo delicioso que tenho em serrar as carótidas.
Quer parecer-me que quando os pulmões são alimentados com o nosso próprio vómito, não há muito a teimar, nem tempo para isso. No início são eles que vomitam secreções inflamadas, no fim é a força diminuída que permite consumar a sensação de afogamento. Com tantos dias a enviar secreções purulentas para o estômago, um dia a retribuição acontece e os pulmões são nutridos com a carne mastigada pelas máquinas domésticas. Mas não é com isso que perco o interesse pela gastronomia e ainda me lambuzo com mais refeições, não muitas. As suficientes para conseguir forças e gemer ecolálias. Gemer mas há quem diga gritar, depende da sensibilidade da compreensão e se fico posicionada para o lado do buraco que tenho na anca. Um buraco directamente proporcional ao que a minha menina me abriu quando a pari. Era um suspiro aquela menina, tenrinha num tempo de fome. Não chorou e eu também não, saiu à cêpa.
Mas imagino o melhor de tudo e é o agora, com a hemorragia a desfazer-se de mim. Eles enfiam-me toalhas na boca e no nariz, porque ninguém gosta de ver sangue e isso suja, aflige, enjoa. Por outro lado nunca fui dotada de respiração cutânea. Infelizmente não os culpo pelos seus pudores e fracos conhecimentos no sistema respiratório humano. Nem no circulatório. Nem na relação de ajuda.
Espero, pelas paragens…
Na verdade a aflição dá-nos aquela sensação de suor fixado na pele, de urina quente nas pernas, de pregas coladas, de roupa que queima e de exsudado que transborda dos buracos no corpo. Tudo junto dá aquilo a que chamo abstinência gananciosa do morto. Claro que até chegar a morta o tempo dá-me os segundos retalhados em migalhas. A sensação repentina e estranha de querer sobreviver não faz sentido real nos pensamentos da minha condição. Será que a minha menina também teve esta vontade?
É de noite, no pico da noite que deixam as toalhas ensanguentadas de molho no tanque do quintal para amolecerem e serem esfregadas de manhã. Depois desamarram o cinto, tiram-me mole da cadeira e deitam-me no chão para me lavar. Soube bem aquele banho, como quem lava um porco, jorram mangueiradas contra o meu corpo e com isso arrastam toda a sujidade que desliza para os esgotos comuns da população. Sou enrolada na colcha da minha cama, a que sempre usei, desde o meu primeiro dia de casada e finalmente espero na despensa, pendurada na trave de madeira para as linguiças.
Espero pela autópsia suavemente demorada dos talheres porque o tempo continua a ser de fome e o único buraco onde posso ser enterrada é o do estômago do meu marido. Compreendo. Aqui em casa nunca fomos estranhos com a carne uma vez que a terra jamais foi fértil para as verduras.
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
Imaginar pensamentos que não param de pensar
Imaginava a volta da minha cabeça um enxame de abelhas zumbindo, voando, fazendo um barulho constante, ensurdecedor.
Fazia de conta que tentava, com as mãos, espantar essas bailarinas do ar e sentia as mãos serem ferozmente picadas cada vez que abanava para longe esses voadores barulhentos. Por mais que tenta se elas venciam sempre!
Assim era aquele pensamento, tão real tão presente aparecia na minha cabeça e ia se encadeando em outros que já estavam presos noutros e não tinha como segura-los com as mãos e deita-los fora. Eles iam e vinham independentemente da vontade. era livre e penetrava em brechas minúsculas na minha cabeça,tão forte e dominador a ponto de tirar o sono... ele chegava sentia o seu cheiro amargo... ficava ali tomava conta de mim as vezes era cruel bruto mordia cá dentro ate fazer sangue como se o alimento dele fosse ver me gritar de dor e prazer ao mesmo tempo... eu, ficava ali a espera que fosse ser diferente algo mais doce menos amargo...não era bem aquilo que eu queria, mas não tinha mais nada e ele aquele pensamento ate que era giro e cuidava tomava conta de mim.
Se eu soubesse o que vinha a seguir... Saberia o que há dentro do coração,o Infinito, a única resposta para todas as questões deste pensamento.
Uma vez veio com um vestido rosa pálido era lindo...ficava me bem abotoava a frente...era fácil de despir...mas era ao gosto dele ate o vestido era a sua maneira não a minha...
Outro dia veio despido de odor sabor tão insípido como ele só sabia ser, mas não deixava de ser um belo pensamento que enchia o meu corpo de tremor só de pensar o que vinha a seguir...era tão intenso nesses dias tomava conta de cada recanto abria escancarava ate os recantos mais escondidos do meu corpo...eu só conseguia esconder aquele recanto o do coração esse que por mais que ele tentasse não conseguia abrir estava guardado para o príncipe dos pensamentos...
Agora não há tempo para pensar ou sentir,ele veio com a dinâmica das abelhas que tudo vêem,miram, planeiam o voo na eterna busca até o reencontro para novos voos
Bailarinas verdadeiras que planam em ouro sem véus,carregando em si o ouro de todas as eras o mel de todos os seres...
Depois um dia zanguei me e disse: não quero mais... tu não vais voltar a ter me não te vou imaginar vou cortar te em pedaços pensamento, como fiz com o vestido rosa pálido...
Neste momento imagino tesourinhas douradas voando ao meu redor cortando definitivamente qualquer parte do pensamento que ainda possa persistir...
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
A história de Júlia (parte 1)
Júlia sempre foi uma menina bem comportada, certinha, pacata, boa aluna, com uma forte educação a todos os níveis.
Já tinha 15 anos quando se deixou beijar pela primeira vez, cheia de expectativas mas as línguas não se entenderam, apesar de ter ficado excitada, achou que não tinha o mínimo jeito e não deixou ninguém aproximar-se dela.
Mas o impulso, o desejo, tomaram conta da cabeça dela, sentia vontade de fazer sexo, de sentir alguém dentro dela, sonhava com isso, noite após noite, mas sentia vergonha.
A luta interior durou algum tempo até se entregar aos prazeres da masturbação.
Passava os seus dedos delicados e suaves sobre o seu corpo inexplorado, os mamilos, os mamilos cresciam e pareciam botões de rosa prontos para desabrochar, o clítoris esse crescia com a intensidade do toque delicado de quem não sabe bem como o fazer, mas que precisa de sentir e sentia.. se sentia! Sentia tanto prazer que se soltavam gemidos tímidos!
Foi-lhe incutida a ideia de que a primeira vez tinha de ser especial, que era algo que marcava uma mulher para sempre, e esperou…
Um dia acordou apaixonada.
Tinha 19 anos, quase 20, quando deixou um homem vê-la nua, tocar-lhe, beijar-lhe os seios, e ela queria sentir tudo, absorver tudo…mas não sentiu nada…sentiu frio, sentiu desconforto, sentiu o corpo suado dele, sentiu ele vir-se dentro dela, mas não sentiu nada e pensou, para a próxima será melhor.
Ele olha para ela e diz, com um sorriso estúpido e de malvadez,“consegui, consegui, ganhei a aposta!” e saiu…
Sim ela tinha feito “amor” pela primeira vez com alguém que tinha feito uma aposta em como a conseguia levar para a cama.
Odiou-se, odiou aquele homem, odiou o mundo…
Mas a menina mulher continuava sem saber o que era ter prazer em ser possuída, devorada, amada, penetrada, sugada, beijada, mordida, gritar de prazer e ainda pedir mais. E assim começa a história de Júlia.
Júlia iniciou uma caça ao homem e virou uma predadora, eram escolhidos a dedo, tinham de lhe despertar desejo físico, já que psicologicamente ninguém lhe dizia nada (nesse campo ela era impenetrável).
E começou a levar homens para a sua cama.
Era desajeitada, mas tinha vontade de aprender e foi pedindo para a ensinarem, para lhe dizerem o que lhes dava mais prazer.
Mas,a busca pelo orgasmo continuava, aquele orgasmo que vem da alma e nos deixa sem respiração.
Uma noite de “caça” Júlia conhece Pedro, que lhe despertou um desejo enorme, era um homem bonito, musculado, com uns olhos verdes de perdição.
E nessa mesma noite Pedro “caiu” na cantiga da Júlia e foi com ela para casa.
O que ela não esperava era que Pedro fosse um homem diferente de todos os que tinham passado pela sua cama.
Pela primeira vez alguém a fez estremecer sem lhe tocar, a forma como lhe desabotoou a camisa, botão a botão, ao mesmo tempo que lhe sussurrava palavras doces ao ouvido, a maneira como a comia com os olhos, e ela, ela escorria de prazer, completamente molhada, apenas pensava em ser possuída, mas ele não era assim.
Ela tinha de esperar.
As línguas dançavam, as mãos corriam, os copos vibravam, o calor aumentou, a música subiu o tom. Ele não sossegou enquanto não lhe devorou os mamilos com a sua língua, quente, doce, suave, molhada, enquanto não a beijou dos pés à cabeça, enquanto não a mordeu, mordidelas, suaves e mazinhas, unhas que arranhavam sem magoar, que aumentavam a excitação, palavras ditas ao ouvido “que faziam corar” e a língua em movimentos circulares no seu clítoris, como tudo aquilo era bom!!!!!
E Júlia veio-se uma, duas, três vezes…e não percebia o que estava acontecer com ela e ele diz-lhe, com um sorriso malandro, “orgasmos múltiplos, que bom…”.
E ainda com ela a vir-se, ele entra dentro dela, ela sente-o, percebe que ele esta louco de desejo e fica deliciada e aperta-o dentro dela, suga-o e ouve os seus gemidos. E quando percebe que ele estava quase a vir-se, decide tomar as rédeas, queria dar-lhe mais ainda! Senta-se em cima dele, esquece tudo e deixa o seu corpo fluir, balançar, parar, voltar, depressa, devagar, brincava com os mamilos na boca dele, agarrava as mãos dele, apertava-o ainda mais…não queria que aquela sensação terminasse nunca.
E pela primeira vez soltou o “animal” que existia dentro dela, sai de cima dele, pede para ele se sentar na ponta da cama e a sua boca foi de encontro ao corpo dele.
O prazer era animalesco e doce, a cumplicidade daqueles dois corpos era inexplicável, e quando sentiu que ele estava novamente perto do orgasmo ele pede-lhe para ela parar.
Invertem-se os papéis e ela tem um novo orgasmo e pede-lhe para ele entrar nela, queria senti-lo e num acto de loucura comeram-se como animais em busca de um prazer mútuo! Ela gemia, ele gemia, ela gritou, gritou e voltou a gritar até que ele também gritou!
Já era dia e adormeceram nos braços um do outro… acordou-a uma horas depois com um beijo e sussurrou-lhe ao ouvido “Júlia és uma mulher fantástica na cama, estou esgotado e esfomeado, fazes-me companhia?”.
Foram tomar café e despediram-se com um beijo na cara e um sorriso.
Semanas depois ela descobre que Pedro era modelo, quando o viu numa revista e sorriu, sorriu porque o Pedro será sempre a sua primeira vez!
Júlia continuou a levar homens para a sua cama e tornou-se uma “expert” na arte da sedução e do sexo.
Ela encantava-os com o seu sorriso, o seu olhar, a sua voz e depois… na cama!
Mas pelo caminho Júlia magoou muitas pessoas, ela não se apaixonava por ninguém, não conseguia, entregava o corpo mas não o coração…
(a história de Júlia não termina aqui…)
sábado, 22 de outubro de 2011
NeoPornographia
La décaDANSE
geme baixo. ela que aprendeu a controlar a respiração ao nível do inaudível, mesmo quando a excitação se acelera e exige gritos.
dança noutro corpo que a ampara nas quedas vertiginosas de sucessivos desmaios. homem firme de pele tisnada pelo sol do ano inteiro. jovem. tão jovem, apesar da espera cansada nas tardes (em) que se querem_______________ noites. com madrugadas tardias, para que os momentos perdurem.
olha-a com ternura e desejo que intensifica orgasmos. olha-a e possui-a mesmo com a boca que insiste em calar com beijos.
toques exploratórios________ de dedos_____________ de línguas______________ de pele com que se prendem em abraços.
numa dança de desejos sempre mais e cada vez mais exigentes. tinge-se de azul o olhar e o rosto infantil é carmim de surpresa em surpresa.
_______________e é quando o rubor sobe e o calor rebenta com as barreiras de suor. e escorre o néctar por entre as pernas que se roçam inquietas nas másculas mãos de mestre. dirá então: amor é também quando os fluídos se t(ro)cam em violentos embates de corpos licorosos. asas que o vento rasa em voos de beijos profundos. uns. leves outros, que a levam até ao limite dos dois. sem limites, sem pudor, tabus que alguns inventam para esconder vícios. que se devem manter tão privados, quanto publicas as virtudes.
fecham-se em círculos viciosos de prazeres. fecham-se de olhos vendados, ao tacto que os reclama no segredo dos sentidos. ensaiam um sorriso e a noite não tem fim. é assim (est)a musica dos amantes.
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
Meia hora e estava em casa. Entrei. Ela, surpresa pela minha chegada, nem teve tempo de falar porque a arrastei para o quarto. Comecei a despir-me e ela continuava atónita a olhar para mim. Já nu puxei-a para mim e desfiz o laço que apertava roupão finíssimo que ela envergava.
O corpo dela resplandecia de beleza. Fomos tomar banho. Louco, respondeu ela de sorriso entreaberto.
A água fria caiu sobre os nossos corpos. Espalhei o gel no corpo dela e ela no meu corpo.
Terminado o banho decidi almoçar em casa. Tinha muito tempo. Vesti uns calções e ela somente uma camisolita e descemos para a cozinha.
Estávamos indecisos sobre o que comer. O calor era tanto que apetecia somente coisas frescas. Fruta. Sim fruta era uma excelente ideia. Uvas para mim, dióspiros para ela.
E aí começou a tarefa. Ela deleitava-se com o dióspiro, deixando que o suco lhe escorresse pelo rosto, tornando-se uma imagem curiosa. Entretanto eu parei com as uvas e avancei para ela de língua de fora e lambi-lhe o rosto uma, duas, três vezes. Fiquei com água na boca.
Agarrei-a, arranquei-lhe a camisolita, peguei nela ao colo e deitei-a na mesa da cozinha. Agarrei no cacho de uvas e fui arrancando uma por uma e espalhei pelo corpo, melhor dizendo, pelo escultural corpo da minha mulher, como se de um ritual japonês se tratasse.
Depois de já não existirem mais bagos, era altura de começar a refeição. Uma a uma fui-as deglutindo, e o início foi pelas que estavam junto e no rosto. Desci aos seios e numa breve fuga mordisquei um e outro mamilo. Os gemidos acentuaram-se. E a cada gemido um bago de uva e uma mordedela...
Desci até ao umbigo e aí com a língua consegui, num malabarismo, recolher o bago e rodopiar dentro daquele buraquinho tão perfeitamente talhado.
Agora era o final, aquele final de êxtase. Com dois dedos segurei o esgalho que tinha depositado entre os teus lábios vaginais e com outro procurei o teu clitóris. Toquei-lhe, vibraste, e eu com a boca roubei um bago. Novo toque, novo assalto aos bagos. Delicadamente ia rodando o esgalho de uva. Queria bagos que trouxessem o suco que de dentro de ti saía em catadupas de tesão, paixão, amor...
Um após outro recolhi todos esses bagos impregnados do teu sabor, impregnados de ti...
Num repente levantaste-te e como que num passo de mágica arrancaste os meus calções e obrigaste-me a deitar no chão. Deitaste mão aos dióspiros e foste cortando em gomos e espalhando pelo meu corpo em pontos chaves que escolheste, como se quisesses assinalar um qualquer roteiro num mapa. Um a um foste abocanhando, mordendo, tilintando num bailado rítmico da língua, dos lábios e dos dentes. O último teve por companhia uma glande que não se conteve e irrompeu em golfadas de um louco desejo.
Mas eu senti que não tinhas dado tudo. Que dentro de ti fervilhava um sémen desejoso de se oferecer a mim num imolar de paixão e desejo.
Sentei-te na mesa e olhei-te como se fosse a primeira vez.
Abri o frigorífico e retirei dois cubos de gelo que coloquei na boca e aguentei o máximo que consegui. Com a boca gelada abocanhei o seio alvo de menina. Primeiro um, depois outro e o frio da minha boca fez enrijecer os seus mamilos que cresceram desmesuradamente na minha boca. Senti que esta minha loucura te agitou da cabeça aos pés e que algo estava para acontecer.
Coloquei de novo mais uns cubos de gelo na boca, agora mais, precisava ficar frio em menor tempo, tinha medo que não aguentasses.
Quando senti que estava o suficientemente frio a joelhei-me e abocanhei o teu clitóris, sugando-o, atacando-o com a minha língua gélida.
Após a segunda ou terceira investida, senti que estremeceste... retraíste-te, segurando a minha cabeça como que a prender-me, e nesse mesmo momento foste minha em golfadas de paixão.
Olhámo-nos e depois de um beijo longo e apaixonado eu fui-me vestir. O escritório esperava por mim.
Quando, já pronto, me preparava para sair segredei-te ao ouvido: quando sair logo vou aos morangos e ao chantily para continuarmos a refeição...
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
Então, num repente que me caracteriza, inicio uma corrida sem destino que me levará ao teu abraço.
Que só saberei quando chegar.
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
Desafio X-rated: textos para adultos
Olhos de água
dispo-me para ti ao som dessa musica com que me tocas. dispo-me de preconceitos, trejeitos, dogmas. dispo-me numa sinfonia de roçar de tecido. algodão. seda. cetim. o pescoço inclinado ao teu beijo. as mãos prenhes de abraços. dispo-me de mim. a alma desnuda em carne viva. tocas-me a medo, no receio de me quebrares. ou ao encanto com que me entrego. nua. despida com ternura__________ de olhos rasos de água. quando as tuas mãos cheias de mais vintes anos que as minhas, me acautelam a queda. me seguram as vestes com que me despes. com o olhar e os meus gestos. lentos. depois lestos. dispo-me de mim, nesse quarto onde me abro à noite que te fecha sobre mim. no beijo que guardo nos lábios que foram só teus. dispo-me. e nua, atravesso o teu corpo num voo rasante à tua alma de poeta maldito, com que me fazes poema
terça-feira, 18 de outubro de 2011
Outono
Norberto Lobo - Chuva Ácida
Todos os dias ao acordar, a ferrugem dos passos faz-me pensar na humidade que o meu caminho se tornou
Antes de abrir as portas da cave procura a percepção nos livros
e, no fim, deposita a memória no húmus da sua decomposição,
Esquiva, diáfana fantasia entre páginas incontadas.
Hoje, a seiva cria coágulos em todas as ramificações dos pensamentos
A agulha dos segundos cose-me aos batimentos fora de horas do coração,
Corta o teu olhar para o encontrar côncavo
e sorve o álcool antes do mosto dos teus olhos de uva,
Se a luz dourada se derrama em ti como chuva morna.
As tuas mãos enfolhadas de plátano estalam secas na minha face, cada vez que te olho
Permites que a folha caduca seja tua cama, minha sede, abrigo de prazer,
Um bacanal de viver sem outro Deus que a dança, o riso
E embebidos na luz ocre do Sol que por hoje se despede, embriagamo-nos de beijos.
Escondes-te na noite assombrada por murmúrios, amanheces na geada
– Uma moura sem encanto que passeia nua pelo lameiro –
Pintas-te com chocolate e devoras cada palavra que desenhas em teu corpo
– Um esporo de sal e água soprado por uma mulher seca.
A menina cor de sonata comunica pelo silêncio das palavras presas nas linhas das pausas
Sempre preferiu a translucidez chuvosa do vidro
a necrose do teu beijo, os narcisos em Novembro
a carícia saturnina na adaga antes do golpe
que denuncia por dentro uma dor desnuda
Um silêncio que não consegue saciar a flor da carne
Uma alquimia de ouro em matéria morta, de brilho em baço
Mil endechas escritas pela tinta que jorra das carótidas.
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
Insectos (parte IV de IV)
Uma, e outra, e outra vez. Uma, e outra, e outra vez. Dou a volta à casa e procuro. Procuro quem me veja, quem me sinta, quem de mim sinta falta. Procuro não desesperar, mas desespero, falo comigo próprio e embrenho-me entre sombras, internas e externas, acabo por adormecer, talvez assim me liberte deste sono sem fim. Uma e outra vez penso em ti, penso em tanto que pensei em ti, penso e dói-me só de pensar na dor de tanto pensar. E pensar para quê? Afinal o que é que eu quero, quando já tenho tudo quanto alguma vez poderia querer. Se havia tão pouco que me fazia completo, agora que nada tenho, só poderei ser o ser mais completo ao cimo da terra, articulado comigo mesmo, sentiente de nada para além do débil limite do que me é permitido sentir, quase divino em matéria e forma, absolutamente extraordinário, sem nada, absolutamente nada de normal.
domingo, 2 de outubro de 2011
Insectos (parte III de IV)
Olá, como te chamas? Eu sou a Joana, mas toda a gente me trata por Joaninha.
Parece que ainda a oiço… voz suave, ondulante como o vento nos seus cabelos, alegre como as manhãs mornas de Primavera, e perante mim a formosa criatura, filha das estrelas, das estrelas que brilhavam nos seus olhos verdes e suaves, como a sua voz, a ondular por entre a floresta de pensamentos que hirtos, mal reagiam ao tom morno da primaveril manhã em que a ouvi. E ainda oiço… por vezes.
Impossibilidades
É onde a cabeça de uma sweet little sixteen cai, frequentemente. Rola, desespero abaixo e, pum, estilhaça-se no vazio. Foge, acelerada, do...
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Desta vez o desafio é para maiores de 18. A proposta é tomar de assalto os espaços mais velados da consciência, desgrilhoar o proibido, visi...
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Passaram 2 anos, 6 meses e 28 dias que um dia não me consegui levantar da cadeira. Estranho pensei, nada de especial, horas a mais à frente ...