domingo, 29 de janeiro de 2012
Mulher
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
Núpcias
Na mesma bacia, mergulho a toalha corada e espremo-a em gotas da cor dos bons sonhos.
Com a mesma nudez dos olhos no desinteresse, vejo que as paredes têm mais expressão que a tua cara.
Lá fora é quase meio-dia.
E passados vinte anos (dezanove para ti e um para mim) é quase meia-noite e tu finalmente dormitas.
Garanto-me que o lençol de cima está afeiçoado o suficiente por ti para que não te possas mexer.
Deixo a torneira a pingar para que contes os segundos e saibas quando vou voltar.
Saio do quarto e penso que aquela é a pré-extinção exemplar.
Fico orgulhosa.
Aguardo ansiosamente pela próxima manhã só para ver-te a endurar mais um bocadinho.
Sabe-me tão bem quando penso que posso vir a conhecer mais do teu pano ósseo.
Sempre foi muito difícil chegar ao teu interior.
Ao contrário do que dizias antes de desenhares punhos fechados e abertos em mim, afinal, meu amor, sou uma boa esposa.
domingo, 22 de janeiro de 2012
Espião duplo
A noite estrangula-te o sangue pleno de nuances esbranquiçadas.
Para-te o ponteiro dos segundos, do raciocínio lógico,
e sentes que o longo precipício te cospe como um detrito asqueroso.
Devolve o corpo em que encarnaste.
Traz de volta a oferenda que fizeste a Moloch.
O odor pútrido, já indisfarçável, condena-te ao esquecimento,
a expiração, e mais nada.
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
PRECISO DE UM NADA
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
Pensamento articulado com cheiro a vomitado
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
De pé, seguiu caminhos que não estavam traçados
De pé, seguiu caminhos que não estavam traçados
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
THE TREE OF EFFORT
(By the way, standing wet and still will dry them out)
Wake up, do not give up, do not be blend.
Shout; just do what you have to do:
With open hand and closed eyes, think, have a glass of wine...
But please, put your courage on the line.
Step by step, though with pain, but no regret or sorrow
Mark a path in the wild, flare up your one tomorrow.
If the heart feels wild horses and torn, switch fear into fierceness.
Red fruits in the tree of effort will be born!
Have you ever really tasted other better sweetness?
MM’ 04 Nov 2011
domingo, 8 de janeiro de 2012
Joy
sábado, 7 de janeiro de 2012
Olho para ti - simplesmente
Olho para ti e penso que toda a beleza do mundo se espelha no teu rosto redondo
Olho para ti a dormir e quero congelar o momento, tão doce, antes que acordes
Olho para ti, comovo-me e choro desvairada e sem razão, por te amar tanto e não saber parar
E saber que chegará um dia em que não mais poderei contemplar o teu rosto adormecido
Olho para ti e peço a um ser superior que me conceda serem primeiro os meus olhos a deixar de ver,
Porque continuar a ver sem poder olhar o teu rosto perfeito enquanto respiras, seria pior do que morrer.
E nada mais do que tu importa, porque és melhor que o meu ser imperfeito, e em ti me transcendi.
E nada é tão simples como saber que este amor é eterno e maior do que o calor das estrelas.
Olho para ti, minha filha, meu amor.
MM Dez 2011
sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
(H)eras
1% of monster - Mogway
Foi como se as mãos dela, de repente, ganhassem raízes aéreas, como as heras, para se agarrarem às paredes da minha pele e ficarem ali, a crescer lentamente até me cobrirem por completo.
Não eram umas mãos especialmente vegetais. Não tinham a textura de troncos nem os dedos eram longos como galhos nem a palma fresca como as folhas. Mas procuravam-me como se procura suporte e eu passei a procurá-las como se procura sombra.
As mãos dela germinaram aos meus pés sem que eu desse por nada. Primeiro, limitavam-se a procurar o sol e a romper o solo, a fazer-me cócegas nos calcanhares e a desenharem-me arabescos nos tornozelos com as pontas dos dedos. E passaram semanas sem que olhasse e as visse trepar as minhas pernas e subir os meus joelhos, como as ervas daninhas crescem sem que se olhe para elas. Quando dei por isso, já não conseguia arrancá-las das minhas costas.
Julho chegou quando já me começavam a tapar a boca mas, por essa altura, já eu tinha aprendido a mordê-las para não me cortarem o ar. E o ano avançou na minha cama, enquanto lá fora passavam filmes inteiros de chuva e vento e neve e sol e chuva outra vez. Com ele, foram desaparecendo lentamente todos os milímetros quadrados livres da minha pele e da minha fachada, atrás de toda a aquela massa verde com transpirações de clorofila.
Eu, uma casa cada vez mais antiga e desabitada, com fantasmas no sótão e ninhos nos parapeitos. Eu, caves invadidas pelas raízes dela, alicerces rachados pelo peso de todo aquele amor e fotossíntese. Eu, deitado na minha cama, a tornar-me cada vez mais transparente com o passar das estações, o fôlego aspirado pelo seu beijo súcubo, desnutrido pela sua paixão bulímica.
Os poucos que pararam à minha porta com curiosidade e vontade de entrar foram vencidos pelas suas mãos totalitárias e, ao afastarem-se, salgavam o chão para que nada voltasse a crescer no caminho que me levaria até eles.
O problema das casas cada vez mais desabitadas e de solo salgado em volta é que a vida vai secando e morrendo até não restarem nem mãos nem heras. Em pouco tempo foi o que aconteceu às dela, até não restar mais do que o esqueleto de madeira seca que foram os seus afagos e as marcas da sua passagem nas minhas paredes exteriores, como escaras, como um eco a dizer “eu cresci aqui e tomei conta de ti.”
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No dia em que acordei do meu coma amoroso, a luz enchia o quarto com a luminosidade cortante e branca do aço a cintilar. A manhã doía-me nos olhos. Fui até lá fora, recolhi a lenha e fiz uma fogueira. O tempo começava a arrefecer...
quarta-feira, 4 de janeiro de 2012
Sou, por fatia, eu nesta poesia
Um sonho.
Impossibilidades
É onde a cabeça de uma sweet little sixteen cai, frequentemente. Rola, desespero abaixo e, pum, estilhaça-se no vazio. Foge, acelerada, do...
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É onde a cabeça de uma sweet little sixteen cai, frequentemente. Rola, desespero abaixo e, pum, estilhaça-se no vazio. Foge, acelerada, do...
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I. Olha para ti, nem tens força para pegar em mim, quanto mais para me fazer feliz. Ontem ouvi dizer que me ias contar um segredo, a...