Preciso de um momento, em branco, vazio, no escuro, sem nada, ninguém.
Um ápice só meu, congelado, fechado, sem cor, nem luz,
Nem palavras, nem som, nem nada.
Porque não compreendo nada, mas sinto demasiado. Tudo virado ao contrário.
Preciso de um ocaso, parado, petrificado, selado,
Entre os escaldões e o choque, antes do quente e da dor.
Uma golfada, de ar, de sal, de menta, antes do colapso dos pulmões.
Deixem-me parar, ficar, estar. Preparar para o embate,
Um desejo derradeiro, final, retrospectivo.
Não me digam, não façam, nem me perguntem nada.
Concedam-me o mais importante, antes que a pedra me acerte
...
Eu sei que este segundo vai acabar, que a vidinha depois continua
Mas, agora, neste instante, digo-vos: não! Quero estar nua, inerte e sozinha.
Quando a mágoa passar, então haverei de acordar e levantar o corpo do chão.
MM' 16 Nov 2011
precisamos de um pouco de nada que crie espaço para tudo o que vai cá dentro
ResponderEliminarSim Der Überlende...por vezes é tanto e tão intenso o que sentimos, que nos invade e domina por completo corpo e alma; então esse nada renovador surge como um precioso escoadouro por onde escorrem e se acomodam os sentimentos nefastos...
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