Lanço-me à cura,
Dose de amargura
Que até à morte perdura.
Estadia terminada,
Desta vida atada
A tudo o que é nada.
Parto inteiro,
Com ideal verdadeiro,
Que tudo é passageiro.
Imagem é tudo
E o génio que é mudo
Serve-se do seu escudo e
Solta um grito agudo.
Exaltação desmedida
Da vida perdida
Que agora é desvanecida.
Toco um avião
Sem tirar os pés do chão,
Com uma vida na mão.
Perde-se a paisagem
Num falhanço de coragem e
Descarrila a carruagem.
Sou, por fatia,
Eu nesta poesia,
Parte do que queria.
Rompe-se o véu,
Olho o céu,
Não sou eu.
Estrela brilhante.
Brilho ofuscante
Da paisagem deslumbrante.
Cego de mim,
Achar-me afim
De sucumbir ao fim.
Luto
Contra os tempos adversos,
E acho-me no fim dos oceanos. São pensamentos imersos.
Esqueço-os, atento no mar e escuto.
É vida,
Maravilha quase ida.
É vida,
Um sonho.
Um sonho.
Um futuro,
Desnudo, tal eu.
Olvido-me do escuro
Para edificar muro.
Juro,
É vida.
A morte desertou-se. O cenário de cura dissipou-se. A paisagem do abismo serviu de frete. O recado foi acatado, quase fui enganado por um cenário inacabado. É vida, é certo. É vida, a rota do incerto. É vida, sou eu. É vida, quão perto?
A morte quis jogar à cabra cega mas eu não estava vendado.
Gosto das associações que fazes, do tom elevado do esvaziar do peito. O teu texto tem momentos muito bons como este "Sou, por fatia,/ Eu nesta poesia,/Parte do que queria.. mas ..... gostava de saber como teria sido este poema se não estivesses preocupado com a rima.
ResponderEliminarEste, talvez, tenha sido o poema (até ao momento) em que me preocupei mais com a questão das rimas. E bem que tive de esmiuçar o meu vocabulário para encontrar palavras ditas «chave».
ResponderEliminarAgradeço a crítica.