segunda-feira, 7 de março de 2011

Instantes finais






III



Tento reconhecer-me num raio de sol


o vento agita a musica



dentro de mim,



confrontos sangrentos



a pele rasgada,



o corpo em febre



uma gota de água...





...a paisagem é agradável



pedaços de céu



um bando de aves



em torno da minha árvore



ensaio o voo



os telhados amontoam-se



continuo parada





ruas em prédios



multidão anónima



Lisboa



sem rio





já não há segredos



tudo foi dito



o mistério das flores



desvendado



o luar mágico



assim



o bosque secreto das palavras



sem nexo,



o tempo



devora o dia



i



n



d



i



f



e



r



e



n



ç



a ?!





Não sei o que sinto,



orgulho ferido



espelhos liquefeitos no olhar



pressa de viver



um breve gostar



sem saber de quem





a transparência do olhar



(verde)



provocou



a confissão



estranha,



confusa,



as palavras jorraram



numa tempestade



de Sol



o vermelho das faces



e dos morangos.





Silêncio.



O não entender.





Continuo perdida





Uma pedrada



no charco.





Amanhã



quero um olhar





mesmo que de outra cor.



1 comentário:

  1. Gosto das tuas passagens do sol para o céu, depois para a paisagem, a árvore, as flores, as palavras, os pensamentos... tudo isto a terminar no silêncio de um olhar (profundo) desejado, de um amanhã... os teus poemas docemente orientam o caminho das letras.

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