terça-feira, 27 de abril de 2010

Levemente



Se os meus pés soubessem que iam andar tanto, talvez nem aqui estivessem. Neste momento gostavam de estar a caminhar à beira-mar, único sítio onde as ondas apagam as pegadas, levam-nas para o mar e aí as deixam a navegar de forma leve.

Se a minha cabeça soubesse que ia pensar tanto, talvez nem aqui estivesse. Neste momento gostava de estar perdida no céu, único sítio onde as nuvens a conseguem levar para outras paragens leves, como se de tapetes mágicos se tratassem.

Se os meus pulmões soubessem que iam respirar tanto, talvez nem aqui estivessem. Neste momento gostariam de estar cá fora, único sítio de onde podem ver, de uma vez por todas, de onde vem o ar leve que tanto insiste em os visitar.

Mas se os pulmões não fossem tão curiosos, talvez a cabeça não precisasse de pensar tanto e os pés pudessem finalmente parar de andar às voltas.

Talvez um dia o ar leve consiga ir ter a outras paragens sem deixar nenhuma pegada. Talvez um dia as nuvens se misturem com a espuma das ondas e consigam deitar cá para fora tudo o que lá dentro já não quer ficar. Talvez um dia, beira-mar seja igual a beira-céu e tudo fique à beira de ser leve para sempre.

2 comentários:

  1. ... sem palavras que se adequém...

    tens um dom!

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  2. Ler te é viver momentos,fazem pensar na vida, são eternos. Vêm de fora para dentro e por cá ficam, ali entre o coração e o pensamento uns mais para um lado, outros mais para o outro mas sempre e para sempre inesquecíveis. Lindo Inês:)

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