Parte II
Esse beijo, selado com o meu sangue, foi o primeiro. Outros se seguiram, sempre brisas delicadas.
O Verão foi chegando e nas fitas esvoaçantes das festas do povo veio a sua quarta mensagem. “Mergulha em mim”. Hesitei. Mas eram já as suas mãos que davam forma ao meu corpo. Por isso fui à falésia, olhei as vagas suaves que me esperavam e continuei a avançar, olhos nos olhos com o meu zéfiro.
Deixei que tocasse cada milímetro da minha pele, que rasgasse o meu vestido, que me partilhasse com o mar, onda após onda....
Na calma morte do crepúsculo, veio a sua mensagem final. “Chora por mim”. Obedeci, enquanto os seus braços me engoliam pela última vez. Afastou-se na vela de um barco e eu fiquei à deriva, sem respirar todo aquele Verão seco.
Desde então o tempo ergueu-se entre nós. Cada vez que cheira a maresia oiço o seu sopro mas a brisa já não me ama, apenas me fustiga. Vagueio perdida. Pergunto de onde veio este nevoeiro. Pergunto pelo caminho. Pergunto como viver o infinito que foi desperto para ser só um momento. Sigo sozinha pois o meu corpo fechou-se. Como posso entregar-me a um homem se já fui a noiva do vento?
É Outubro. As águas voltarão em breve. Sinto-me romper. Sinto um grito iminente. E espero em vão.
lindo Helena, amei! " Os Mensageiros do vento
ResponderEliminarRetornam do Céu em bando,
A cada um convidando
Para a seara do amor"...
Helena, gosto muito das mensagens deste texto... uma a uma, criam a necessidade de querer continuar... até um final perfeito..."noiva do vento".
ResponderEliminarPortentoso... uma beleza rara e intensa na tua escrita. Que enorme prazer ler este texto!
ResponderEliminarDU