quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
Gota a Gota no Fio da Navalha
(Edgar Allan Poe a mais, lol, este texto arrepia-me, custa-me a crer que o escrevi - ah, já agora, têm duas opções de banda sonora :P)
Sentia-me no fio da navalha, literalmente.Estava preso no chão e em cima de mim, uma navalha pendular sustida por uma tina de água com um pequeno furo. A minha condenação à morte: gota a gota. A minha acusação:ser revolucionário. Vim parar a esta prisão à uns três dias, a navalha estava agora a uns escassos trinta centímetros de mim. Fui preso pela minha imprudência, estava a uns escassos momentos da morte e continuava a rir. O meu trabalho estava feito, era indiferente a minha morte ou a minha vida.Sentia medo, é verdade, a navalha resplandescente sustia-se instàvel sobre mim. A qualquer momento algo ou alguém podia fazê-la desabar e era o fim. num rasgo de vento seria cortado ao meio como o mercador de carne corta galinhas, vacas e porcos. O sangue fervia-me nas veias mas ria, ria como um louco que acreditava na vida depois da morte. Como se obtesse alguma vez a redenção divina! Pelo menos depois dos actos que cometi. Tinha como companhia os ratos. Bichinhos incansáveis que incessantemente roiam as cordas que me prendiam. Faziam-me cócegas quando se aproximavam da minha pele ensanguentada pelas chicoteadas, talvez fosse por isso que ria tanto.Nasceu o dia. O calor ofuscante da luz que emanava da minúscula janela do meu cárcere incidia furioso sobre a tina de água que lentamente se deixava evaporar. As horas foram passando: gota a gota. Ao cair da noite ouviu-se um raspar violento de metal na pedra. Nem um grito, nem um único grito.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Impossibilidades
É onde a cabeça de uma sweet little sixteen cai, frequentemente. Rola, desespero abaixo e, pum, estilhaça-se no vazio. Foge, acelerada, do...
-
Desta vez o desafio é para maiores de 18. A proposta é tomar de assalto os espaços mais velados da consciência, desgrilhoar o proibido, visi...
-
Passaram 2 anos, 6 meses e 28 dias que um dia não me consegui levantar da cadeira. Estranho pensei, nada de especial, horas a mais à frente ...
-
O tempo passou por nós, não vês? Crescemos, tornámo-nos tristes. No fundo, crescemos. Perdemos as brincadeiras, Os sentimentos s...
"Gota a gota" nunca deixes as palavras sem gritos.
ResponderEliminarHá palavras que se gritam, mesmo sem se escreverem...
ResponderEliminar