O tempo passou por nós, não vês?
Crescemos, tornámo-nos tristes.
No fundo, crescemos.
Perdemos as brincadeiras,
Os sentimentos sem sentido.
Perdemos a inocência,
A leveza das palavras
Que teimámos tantas vezes
Em esconder.
Não existem culpados,
Mas sentimos no nosso corpo
O ardor dos cactos,
Quando as lágrimas,
Queimando o rosto,
Caem desamparadas no chão.
Não há súplica que ecoe
Nos tempos de vidro,
Nas noites de metal,
Que nos ferem o peito.
Venho para dizer-te,
Que já não tenho endereço,
Que já não tenho idade,
Que este já não é o corpo
Onde tantas vezes te escondias.
Paulo Eduardo Campos, in "Na serenidade dos rios que enlouquecem", Amores Perfeitos, 2005
Grande estreia, bem vindo!
ResponderEliminarObrigado :)
ResponderEliminarPaulo, como sempre brilhante.
ResponderEliminarPosso dizer que já li alguns dos teus textos e adorei cada um!
Excelente estreia :)
A aridez fria que fica depois da plenitude. Muito bom, Paulo. Gosto particularmente da forma como as palavras transmitem a ideia de uma dor cruciante, quase uma lâmina.
ResponderEliminar@Sandra Nunes & Sandra Monteiro: Obrigado pelas vossas palavras
ResponderEliminartudo vai mudando, menos o amor...muito bom, Paulo!!
ResponderEliminarObrigado Natália. É bom que o amor não mude :)
ResponderEliminar"Nos tempos de vidro, / Nas noites de metal" Bem-vindo, Paulo Eduardo Campos. Poesia que se reflecte no vidro e marca a metal as folhas de papel.
ResponderEliminarObrigado Tiil. Gostei bastante do que li no "fumo azul"
ResponderEliminarSim, há noites de metal que nos ferem o peito, de tal modo que o nosso corpo deixa de servir para esconderijo.
ResponderEliminarEm seguida vou em busca do teu blogue que não tenho a certeza de conhecer.
Gostei da tua escrita.
Anamar(pseudónimo)
Obrigado Anamar pelas tuas palavras.
ResponderEliminarEu não tenho nenhum blog :)
O "fumo azul" é do(a) Tiil
"Não existem culpados mas sentimos no nosso corpo o ardor dos cactos..." Belíssimo poema, muito bem finalizado. Queremos mais. :)
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