Saiu atrasada. Como sempre. Quase descomposta, o vestido amarrotado (a tentar telefonar-lhe enquanto aguardava o elevador e deixava os dossiers no secretariado) nos seus saltos altos em equilíbrio precário.
Esperava-a não muito perto, onde, no meio da multidão que sai dos empregos na pressa de chegar a casa, seriam mais um casal. A passar despercebidos. Em pecado. Desfrutado. Revivido. Intenso.
Mas sempre como se fosse a primeira vez.
Ele está no "café deles", jornal e bica na mesa.
Observa-o sempre através do vidro, antes de que ele a veja. Ou pensa que assim é...
E entra encantada, numa paixão adolescente, a diferença de idades não se sente. Somente na sensatez dele e na impulsividade dela. Quase feroz, arrebatadora.
Ergue o olhar, surpreso por ela já estar junto de si, tão absorvido que estava pela leitura . Porque por vezes, levanta-se e vem buscá-la à porta.
E ela sente-se a mulher mais amada do mundo, por a proteger assim.
Ele sorri e o mundo dela centra-se nele, naquele sorriso infinito que morrerá com ela.
Olham-se e o Mundo pára, avança, rodopia, muda. E no entanto, está tudo no seu lugar. Ele à frente dela à espera que lhe conte o dia, o que a deixa sem palavras porque estiveram sempre em contacto. Ela à espera que ele diga como foi o dele, que apesar do contacto e da faladora ser ela, tem sempre algo a acrescentar.
Entretanto o silêncio toma conta do momento, porque a olha, ela cora, adivinhando-lhe os pensamentos. Desejos escaldantes...
E ficam assim, sem falar, mão na mão sob a folha de jornal, numa contemplação mutua, embevecida e terna.
Mergulham os olhares e ela desperta com o gesto dele em dizer-lhe que são horas de ir, porque o semblante dele muda e ela percebe.
Ela tem o comboio para apanhar e ele o ensaio.
Caminham lado a lado, abraçados, passo acertado. Os coração batem, em uníssono no sentido dos ponteiros do relógio da Estação de Comboios.
Encosta-a suavemente contra o muro, afasta-lhe o cabelo dos olhos, sorri e beija-a num tocar de lábios indescritível, depressa uma boca na outra, as suas mãos nela... Estão em publico. Mas é lusco fusco.
Desprendem-se a custo, ele pergunta se ela quer levar o jornal.
Não.
Até casa, prefere ir pensando-o, sonhando com amanhã, em que a rotina não cansa. Só quer que ele não chegue atrasado ao ensaio...
Enquanto sobe as escadas, chega uma mensagem dele:"Adoro-te".
Ela também. E é assim , para sempre.
(Desde o tempo em que um guarda-chuva servia para abrigar os dois).
Esperava-a não muito perto, onde, no meio da multidão que sai dos empregos na pressa de chegar a casa, seriam mais um casal. A passar despercebidos. Em pecado. Desfrutado. Revivido. Intenso.
Mas sempre como se fosse a primeira vez.
Ele está no "café deles", jornal e bica na mesa.
Observa-o sempre através do vidro, antes de que ele a veja. Ou pensa que assim é...
E entra encantada, numa paixão adolescente, a diferença de idades não se sente. Somente na sensatez dele e na impulsividade dela. Quase feroz, arrebatadora.
Ergue o olhar, surpreso por ela já estar junto de si, tão absorvido que estava pela leitura . Porque por vezes, levanta-se e vem buscá-la à porta.
E ela sente-se a mulher mais amada do mundo, por a proteger assim.
Ele sorri e o mundo dela centra-se nele, naquele sorriso infinito que morrerá com ela.
Olham-se e o Mundo pára, avança, rodopia, muda. E no entanto, está tudo no seu lugar. Ele à frente dela à espera que lhe conte o dia, o que a deixa sem palavras porque estiveram sempre em contacto. Ela à espera que ele diga como foi o dele, que apesar do contacto e da faladora ser ela, tem sempre algo a acrescentar.
Entretanto o silêncio toma conta do momento, porque a olha, ela cora, adivinhando-lhe os pensamentos. Desejos escaldantes...
E ficam assim, sem falar, mão na mão sob a folha de jornal, numa contemplação mutua, embevecida e terna.
Mergulham os olhares e ela desperta com o gesto dele em dizer-lhe que são horas de ir, porque o semblante dele muda e ela percebe.
Ela tem o comboio para apanhar e ele o ensaio.
Caminham lado a lado, abraçados, passo acertado. Os coração batem, em uníssono no sentido dos ponteiros do relógio da Estação de Comboios.
Encosta-a suavemente contra o muro, afasta-lhe o cabelo dos olhos, sorri e beija-a num tocar de lábios indescritível, depressa uma boca na outra, as suas mãos nela... Estão em publico. Mas é lusco fusco.
Desprendem-se a custo, ele pergunta se ela quer levar o jornal.
Não.
Até casa, prefere ir pensando-o, sonhando com amanhã, em que a rotina não cansa. Só quer que ele não chegue atrasado ao ensaio...
Enquanto sobe as escadas, chega uma mensagem dele:"Adoro-te".
Ela também. E é assim , para sempre.
(Desde o tempo em que um guarda-chuva servia para abrigar os dois).
Um belo conto de amor, a preto e branco, pois claro, assim se querem os clássicos.
ResponderEliminar"O silêncio toma conta do momento" para ler este texto. Um quase "não fazer barulho" para ouvir tudo o que as personagens têm a dizer uma à outra, para ouvir todos os movimentos, para ouvir a "paixão sem data"...para sempre, independentemente do que "sempre" signifique. V*, AnaMar :)
ResponderEliminartão doce, tão terno e belo:)
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