Fiquei com a nona pestana (a contar do canto de cima) presa quando estava a fechar a caixa. As outras todas quiseram ajudar e a sudorese só dificultou mais a situação. A caixa aflita começo a repetir baixinho “pestaninha, pestaninha, vai para o canto que te dou uma sopinha”. Hoje vou dormir com o olho bem aberto... de preferência a sentir a brisa. Mas que o sono demore e não me embale.
As caixas têm medo de pestanas, elas ardem, fazem chorar, não deixam abrir as dobradiças, não deixam soar a música cá fora. Hoje vou dormir com a caixa em cima da cara e com a pestana em cima do gozo de ser uma peste-na que encrava dobradiças. Hoje, (de apelido Futuro) vou sonhar com a manivela que faz a música soar, o olho vai sonhar com o click do estalar da pestana amputada, a caixa vai sonhar com o pincel que a coloriu e… o chão de água salgada vai reflectir o dormir da menina que pensava que podia ser feliz fechada dentro de uma caixa. No amanhã, (de apelido Presente), ela vai compreender que sempre que abrir a caixa deve deixar uma pestana lá dentro… sem lágrimas, sem sopinhas, sem medos. Nunca conheci uma pestana realmente má.
As caixas têm medo de pestanas, elas ardem, fazem chorar, não deixam abrir as dobradiças, não deixam soar a música cá fora. Hoje vou dormir com a caixa em cima da cara e com a pestana em cima do gozo de ser uma peste-na que encrava dobradiças. Hoje, (de apelido Futuro) vou sonhar com a manivela que faz a música soar, o olho vai sonhar com o click do estalar da pestana amputada, a caixa vai sonhar com o pincel que a coloriu e… o chão de água salgada vai reflectir o dormir da menina que pensava que podia ser feliz fechada dentro de uma caixa. No amanhã, (de apelido Presente), ela vai compreender que sempre que abrir a caixa deve deixar uma pestana lá dentro… sem lágrimas, sem sopinhas, sem medos. Nunca conheci uma pestana realmente má.
E tu caixa, guarda os toldos que já deram sombra aos olhos que brilham quando o sorriso perde a vergonha.
Eram nove vezes, num olho muito distante, uma menina que morava no canto da sopinha. Um dia a menina deixou de ter medo de pestanas... e de outros medos, porque sim.
- Búúú!!
(risos, sorrisos, risos)
E viveram risentes, até aos presentes.
À quarta palavra já sabia que era um texto da Inês Isabel
ResponderEliminarAcho que isto diz muito
Tem razão, o Uber... Tens um estilo plenamente definido e identificável.... Muito bom, sinal de maturidade na escrita. Já podes começar a experimentar fora dele porque sabes o caminho de volta....
ResponderEliminarGostei, identifiquei-o...:)
ResponderEliminarFascinante!!!!!!!!!!!!
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