sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Correia
Lamentas?
O tempo a passar corta
Arrasta-se sempre e corta
Mas tu engoles tesouras
Pensas que talhas a giz
E cortas com o estômago
Sempre que te encostas a mim
Dizes que é pelo tracejado
Que não dói
Não?
Mesmo quando os dedos são linhas de alinhavar
E criam nós entre eles
Enleiam-se
Partem-se
(Ninguém tem paciência para os nós)
Mas tu vais direito às bainhas
Rematas pelos pulsos
Espetas a agulha
Casas o padrão do tecido
O tempo a passar corta
E os teus descendentes nascem
São meninos que brincam com carretilhas
Descrevem círculos dentro das minhas pupilas
E sorriem
Eu oiço
Mas não há som que me grite
Só o toque do coágulo lacrimal
Que vês a deslizar sempre e corta
Lamentas?
A correia da máquina há muito que se ausentou.
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Adorei a forma Fantástica de ligar as Palavras...
ResponderEliminarParabéns !
Mª Fresco
Gosto sempre. Sempre. Escreves como poucos, Inês. Bjs
ResponderEliminarde queixo caido...não fico.
ResponderEliminarsó pq ao ler te me arrancas sp suspiros tão prazeiros que tenho medo de me engasgar!!! fantastico Inês(zoca)
de queixo caído... para variar
ResponderEliminarE ela segura uma mágoa real ou fingida, observa a máquina e os rituais da costura e faz naturalmente a sua fusão poética como se fosse óbvia. E depois de te ler, é claro que o amor tem agulhas, cortes de tesoura, alinhavos que descosem antes de serem costuras, moldes traçados a giz que se apagam, correias que se partem...
ResponderEliminarA única coisa que me apetece realmente dizer é aquilo que te recusas a ouvir...
Palavras bordadas nos alinhavos do tempo. Sem costuras.
ResponderEliminarBelo!