quarta-feira, 29 de junho de 2011
Cinzas
Na fatia de tempo que sucede o último suspiro e a queda na noite,
As irmãs siamesas
Impulsionaram-se em música.
Com a ponta dos dedos, extensão do coração, e as cordas da viola, extensão das da voz
Porque não suportavam a maresia.
Na véspera do solstício,
O vinil
Tocava chorinho chorando
E abrindo os olhos do mundo com a sua nudez
Porque a voz assim o ordenava.
Na quarta-feira de cinzas,
O velho preto com uma pala no olho direito e guitarra nas mãos
Sibilou como um réptil ao ouvido da presa
Como quem cauteriza a sua própria ferida
Porque tinha necessidade de vestir-se em sonâncias.
No momento em que a lua atordoa os telhados,
A amante morta
Inventou um país sem rios
Com os seus dedos de aranha
Porque não podia ceder à perda de memória.
Porque o amor que encontrou ao virar da esquina perdura na memória, na voz, nos gestos.
Marcado na alma e preso na palma da mão.
Todos os dias,
O homem que desenha mapas
Come pétalas de rosas
No ponto continuo costurado entre ele e a agulha
Porque anseia estar só e desligar o caos que a todos nos une.
E eu
Escrevo uma poema
Sentado no chão encostado ao segundo poste, depois das escadas da velha casa com faixa azul, onde te pedi um fio de cabelo.
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Uma galeria de personagens dignas de um filme do Tim Burton. Adorei. :)
ResponderEliminardelicioso...:)
ResponderEliminarUm poema que nos transporta... sem ponto de partida ou chegada :)
ResponderEliminarBoas-vindas aO homem de vinil e a amante de mãos siamesas
Um poema heterodoxo, em que a substância do "eu" poético se perde nos "outros".... :) Muito interessante. Esperamos mais textos homem de vinil e amante de maõs siamesas.
ResponderEliminarO nome do autor um título de poema. o poema uma canção. belo.
ResponderEliminarAnamar
(não consigo comentar com o meu link:-(
A.D.O.R.E.I !!!!! :)
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