sábado, 19 de fevereiro de 2011

Instantes seguintes




II

Ou não se foge, ou se esquece.

Esquecer?

(continuo a fuga)

de repente
os espelhos desabaram
apressados
intactos
e sem ruído

a musica desfolha as pétalas
o sol inunda o meu quarto
a claridade evidencia a dor

navego num lago
sem fundo

a montanha reclama-me
o sal no olhar
verde
azul
castanho-terra
as lágrimas
deslizam dentro do peito.

Uma árvore despida de medo
em dias cinzentos
as flores misturam-se
numa desordem
de aromas
pueris
os gestos
a(c)tos de uma
representação
ímpar
a apologia da loucura?

Ou o abandono
nos prados
percorrendo os sentidos
portas fechadas
tranco-me por dentro
até mim
a dor chega
insinua-se
no respirar

o orvalho
refresca
o tentar esquecer

quem fica comigo?

calor impuro
d
e
s
c
o
n
h
e
c
i
d
o
no Verão
as cerejas
são o fruto
proibido
o medo nas ondas
o mar
nas carícias
de areia e sal

segredos do vento

não fujas
permanece
esquece.

Murmúrios
estranho pe(n)sar.

The end.


Regressa o arco-íris o ruído da cidade as imagens poeirentas o desejo sem nome o momento sem data música esquecer

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