sábado, 12 de fevereiro de 2011

Instantes

(Re)começar...

O tempo insinua-se no murmúrio da noite

a musica envolve o sonho

ruas perdidas de sono nu

o mar o céu o sol nos desejos

as florestas virgens desvaneceram-se

as cores do mundo

os cavalos selvagens

e as madrugadas tardias

nas manhãs calmas

em dias de desespero

o pão na mesa

vazia a corrida

para o lugar

de imagens soltas

assim o vento selvagem

sangue estival morno de medo

uma papoila e um vestir de

negro

n

ã

o

luto

a vontade arrefece

a dor ímpia reclama

o suave e cálido

perfume

de um morango esquecido.

As maçãs

espumam de vermelho

enquanto os corações ardem nas fogueiras que não fizemos.

O gelo derrete-se

nos beijos pe(r)didos

nos acordes de guitarra do

tentar esquecer

então

um mar de laranjas geladas

um chão sem tecto

no olhar de vidro transparente

(e o nevoeiro esconde os barcos)

(o) rio

um riso sem nome

as gaivotas limitam o meu horizonte

nada se liga

onde está o querer?

O sol põe-se quando eu tiver partido.

O regresso

e o desencontro

num olhar

que não sei.

Os regatos exigem frescura.

Quem me abandonou?

Candeeiros vermelhos

um quarto perdido

mãos sem prisões

o apelo da vida

um grito rouco

NÃO RECUAR

SER

um pássaro livre

um sorriso diferente

o amanhecer

um rio sem tréguas

o princípio

a corrida

a noite tranquila

no momento

agora

os espelhos partidos

não reflectem as imagens cansadas.

O sol encheu a cidade de alegria

e as crianças partiram em busca dos jardins líquidos

há sons no ar

viajar

pelo sentir

ir de encontro ao muro

e continuar

(todos os muros são destruíveis)

quebra-se o (en)canto

as gargalhadas encontram

o eco no silêncio

calado

da escuridão tardia.

Os cabelos

esquecem-me

os amigos

castanho-dourados

esvoaçam

sem fronteiras

ultrapassam

limites

(que eu criei?)

A resposta está no Outono

nas folhas caídas

no amarelo

das flores.

A tempestade destrói os caminhos.

Um olhar de mel

olhos castanho-avelã

sangue nos telhados

luz nas espadas cintilantes

caiu uma estrela

rebentou uma nuvem

liberdadeliberdadeliberdade

um aspirar fundo

duma violeta em água

luar res-plan-des-cen-te

o inverno tem todas as estações do ano

a musica reabre a ferida

resfolga o cavalo alado

pela

mutilação das asas

borboletas

em

festa

os salgueiros dão-me paz

num viver exaustivo

de confusão e sal

a chuva não vem

o sol desertou

tremores febris...

Amanhã

o momento é importante

uno

principal

pensamentos translúcidos

agitam-se

num acenar de adeus

definitivo

a fuga parece a solução

(a guerra continua)

PER-MA-NE-CER

não se esqueçam do frio

dos vagabundos

e dos artistas.

Lentamente, o azul confunde-me:

misturo-me com a noite

e parto com a musica.

2 comentários:

  1. Texto para ser lido utilizando todos os sentidos. Gostei muito.

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  2. Palavras que se sucedem no lugar certo, acompanhadas por outras num casamento feliz, sempre sonoras, como a Sandra diz "utilizando todos os sentidos"...

    ResponderEliminar

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