domingo, 7 de março de 2010
Hoje é dia...
Há dias que acordam assim - cinzentos. Vestem-se de neblinas e combinam-se em tons degradé da cabeça aos pés. Há dias em que o céu é um edredon branco e a paisagem um enorme lençol incolor, que não convida a deitar, a sentar, a permanecer – um pouco. Há dias em que a chuva nos afasta das ruas e nos manda recolher aos nossos lugares, aos nossos recantos, aos nossos lençóis coloridos. Há dias em que só nos apetece ser gota e escorregar por caminhos novos, sem rumo definido. Outros em que nos apetece ser edredon branco em Mundo colorido. Mas há dias, há dias em que nos apetece vestir de neblina e ser paisagem incolor. Passar pelos lugares sem sermos vistos. Falar bem alto sem que nos oiçam. Chorar e rir sem que os outros sintam. Há dias em que parece que somos só nós e o mundo, a paisagem, a neblina e as gotas, na certeza porém, de que é apenas um dia da nossa vida, um dia – no meio – de tantos dias.
Hoje é dia de…
Inspira e sente o cheiro da terra molhada. Fecha os olhos e ouve o cair da chuva no chapéu. Afasta-te do Mundo e comunga do que te está próximo – o cheiro, o som, o pisar que te devolve de novo a tudo o que te envolve. Aprecias as gotas nas folhas molhadas. Páras e pisas infantilmente as poças. Inesperadamente, estás a sorrir. Sozinha - naquele bosque – onde comungas com a natureza e inspiras o mesmo ar de todos aqueles que ouvem os teus pensamentos. O mesmo ar daqueles que te dão músicas de silêncios ritmados e inesperadas sensações. O frio corta as palavras, é como um galho na garganta, é como um tufão nos teus cabelos. Por momentos a tua cabeça pára, não pensa e consegues, finalmente, descansar. Dormir entre as folhas, de olhos bem abertos e sentir tudo de todas as maneiras, ali - naquele bosque.
Hoje foi dia...
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Impossibilidades
É onde a cabeça de uma sweet little sixteen cai, frequentemente. Rola, desespero abaixo e, pum, estilhaça-se no vazio. Foge, acelerada, do...
-
Desta vez o desafio é para maiores de 18. A proposta é tomar de assalto os espaços mais velados da consciência, desgrilhoar o proibido, visi...
-
I. Olha para ti, nem tens força para pegar em mim, quanto mais para me fazer feliz. Ontem ouvi dizer que me ias contar um segredo, a...
Estive lá contigo. Em pensamento. :) Muito bem.
ResponderEliminarOra aqui está uma coisa que gosto muito de fazer, apreciar "as gotas nas folhas molhadas"
ResponderEliminarEste teu sempre toque terapêutico nos textos... :)
há dias e textos que não se esquecem...
ResponderEliminar