sábado, 13 de março de 2010

Os sapatos na calçada



Toc Toc e os sapatos na calçada, a curiosidade de quem passa e o passar em todas as vidas de quem olha. Incorporamos milhares de momentos em milhares de vidas. Fazemos parte. Integramos. Uma mulher de vermelho que passa - sorri. Um velho encostado ao poste – estanque. A criança no chão parada – que chora.
Ser visível é simplesmente estar ao nível dos olhos. É chegar a casa, é sentar na esplanada,abres o livro ao acaso e reencontras palavras certeiras.
Tudo faz sentido, mesmo que não o reconheças, mesmo que agora não consigas ver. Lembras-te daquela tarde? Daqueles saltos altos e daquele poder? Lembras-te? É isso mesmo, pequena. Sorri. Sorri apenas se ainda não te apetece rir muito. Mas sorri porque daqui a pouco soltarás aquele sorriso – aquele sorriso enorme e conquistador de todo um mundo de sonhos.
Do teu mundo é fechar os olhos e recordar a mulher de vermelho, o velho e o poste, a criança e o choro. A nossa memória é feita não só dos que nos compõem, no seu sentido mais próximo mas de estranhos, também.
Toc Toc e os sapatos na calçada, o cachecol ao vento e um sorrir cheio de ti.

2 comentários:

  1. A nossa memória é feita não só dos que nos compõem, no seu sentido mais próximo mas de estranhos, também.

    que sentir é esse, Nani? perfeito..

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  2. "(...) abres o livro ao acaso e reencontras palavras certeiras." E que bom é esse reencontro... às vezes esqueço-me como isso funciona mesmo. Um sorrir cheio de mim para as tua palavras :) J`adore!

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