terça-feira, 23 de março de 2010

Destino



Ela estava parada, olhando para a estrada que se abria à sua frente.
O nascer do sol estava a despontar por detrás do monte.
Aquela manhã que estava raiando parecia uma pintura. E que bela pintura! Uma cena completa com cores, sons, cheiros... Cores diversas, que se entrelaçavam sons de vozes, crianças gritando, algazarra, conversas, alegria... Cheiro de café fresquinho, e também o perfume do jasmim que vinha do jardim... Ela respirou fundo, inspirou aquele que era um instante mágico. Se fosse possível congelar aquele momento, ela poderia ser feliz para sempre, dentro daquela paisagem. De repente, ela acorda de seu devaneio, percebe que esteve a sonhar acordada, esboça um sorriso, ouve o som de buzinas, percebe que o sinal está aberto e segue em frente.
Porém, a cena pode ser diferente... Ela estava parada, olhando a pilha de trabalho que a esperava. Seu chefe cobrando prazos, aquele cliente chato acabara de chegar, e ela ainda tinha que sair para levar sua mãe ao médico hoje... Ela repassa cada momento ruim que provavelmente vai acontecer no seu dia.
Depressa, depressa! Não vai dar tempo, estas atrasada, estão a tua espera e ainda mais o trânsito, a chuva... Que horror tudo isso! E ela pensa: é assim que vivemos. É assim que muitas pessoas vivem!
A chuva cai lá fora e parece envolver a cidade numa dormência total, como se as pessoas, as árvores, as casas tudo estivesse húmido e envolvido numa sonolência que traz consigo, não a serenidade da alma, mas o desassossego geral.
Os dias parecem arrastar-se penosamente.e a palavra destino...soa-lhe forte, bate.
Destino.. é uma palavra. Tudo é destino. Pelo caminho da direita ou da esquerda, a escolha que fizermos será o destino. Não há que falhar. É uma ideia confortável e fácil.
Acreditar no destino é uma fraqueza humana. Das mais primárias e arcaicas. O nosso percurso resulta do nosso destino. Com certeza, porque não? Mas se é "nosso" então podemos "ajudá-lo"...mete a mudança e arranca com toda a certeza a vida não olha para trás.

Uma semana é tempo mais que suficiente para saber decidir se aceita ou não o seu destino...sai dali com a a ideia que não vai esperar mais pelos ventos que varrem as folhas do chão.

4 comentários:

  1. Acreditar no destino é uma fraqueza humana. Das mais primárias e arcaicas...

    esta vai-me ficar marcada a fogo na memória

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  2. É tão bom quando conseguimos inspirar aqueles instantes mágicos.
    Natália, traz mais "destinos" destes :)

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  3. metes a mudança e não chocas com o "destino".
    Parabéns! Optimo texto.

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  4. Parecia que estavas a descrever um dia meu. Não acredito no destino mas acredito que estás inspirada. Gostei muito. Parabéns. :)

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