segunda-feira, 22 de março de 2010

O Sonho



Nas minhas longas noites de não fechar de olhos
o meu corpo forma linhas paralelas com o céu e a terra e
o dióxido de carbono que sai de mim é sempre perpendicular aos dois
Nas minhas curtas noites de fechar de olhos
giro em torno de mim mesma, num eixo imaginário e
marco os lençóis que ajudam a não sentir os pregos da minha cama
O meu não fechar de olhos é apático
faço promessas a mim mesma, dou ânimo ao meu corpo dorido
sempre com a eterna esperança que uma noite venha
montada no seu cavalo branco e mate esta vigília
Nas minhas infernais noites de pálpebras invisíveis
tenho os olhos secos num olhar fixo ao céu
imagino lágrimas que não existem
imagino soro que não tenho e
desespero por Hipnos
Nas minhas negras noites de não suspensão
grito em silêncio a ti
procuro-te no meu olhar
procuro-te no céu e na terra e
procuro um rasto teu nos meus lençóis…
Nas minhas tenebrosas horas
em que o meu corpo está na parte escura do planeta
a razão diz-me que não sabe onde estás
mas o coração diz-me que se escutar o seu bombear
tu virás olhar-me nos olhos
chorar para dentro deles
pregá-los com os pregos da minha cama
dar-me a mão e
paralelo a mim, assistir a todas as fases do meu doce sono quimérico.

5 comentários:

  1. e contigo assisti ao doce sonho Inês:))muito bom!!

    ResponderEliminar
  2. Desespero, esperança. Escuridão,luz. Grito, silêncio. Amor, desamor. Todos estes paralelos antagónicos se sentem e harmoniosamente respiram no teu texto. Gostei muito, Inês.

    ResponderEliminar
  3. sei que estás aí, que existes,
    ouço-te a voz e o meu sonho não é uma quimera.
    e no entanto, tantas vezes duvido, tantas vezes te agrido. sei quando te respiro, sei
    quando chamo o teu nome e tu vens. sei.

    ResponderEliminar

Impossibilidades

É onde a cabeça de uma sweet little sixteen cai, frequentemente. Rola, desespero abaixo e, pum, estilhaça-se no vazio. Foge, acelerada, do...