sexta-feira, 5 de março de 2010



Quando a cidade adormece
e eu acordo sobressaltado com a minha própria respiração,
percebo que partiste e deixaste atrás de ti o perfume da minha humilhação

Percebo que os gatos que pisam periclitantemente o velho telhado
e os grilos que na penumbra cortam o silêncio à navalha,
me fazem querer gritar até as amígdalas implodirem
e a basílica vizinha implodir num repente.

1 Fogo extinto, o seu rescaldo, debandada progressiva, cinzas frias
o alinhamento deste canal televisivo demoníaco
A cortiça que é a minha garganta lasca-se em curtos intervalos
e a luz do candeeiro pendente lá em baixo, presencia este velório

O que faz de nós pedaços de papel amassado caídos ao lado de um cesto de lixo?

7 comentários:

  1. ... porque é que eu nunca li isto??? :D quem te ensinou a escrever assim? Está genial.

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  2. Foi inspiração da chuva de hoje mesmo. Está para sair desde anteontem mas só agora quis sair.

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  3. Saiu no momento certo, como sempre. V*!

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  4. bem esgalhado.parabéns!

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  5. Floresta encantada. Momentos solenes de dores amansadas. Num fogo controlado pelo destino que somos NÓS.
    Adorei.

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